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TROCA DE GUARDA
Abilio Diniz deixa comando da rede para presidir o conselho de administração, que terá maior poder decisório
Pão de Açúcar muda para atrair investidor
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O grupo Pão de Açúcar anuncia
hoje, pela manhã, mudanças na
estrutura administrativa da empresa, conforme a Folha antecipou ontem. Além da saída de Abilio Diniz, presidente do grupo, para o cargo de presidente do conselho de administração, Ana Maria
Diniz, sua filha, deixará de ser vice-presidente de operações da rede. Ela também passará a ocupar
uma cadeira apenas no conselho.
Mesmo com a saída dos dois
executivos da direção da empresa,
ambos não perderão poder. As
mudanças foram informadas ontem à tarde, em reunião de Abilio
com membros do conselho, que
apoiaram as alterações propostas.
A meta da empresa é aumentar
o poder de supervisão do conselho na gestão da empresa. Ou seja,
com Abilio no novo cargo, será
possível dar maior poder de decisão ao conselho, que funcionará
de forma mais ativa. Com isso, a
empresa atinge dois objetivos.
Em primeiro lugar, a rede pode
se tornar mais atraente a futuros
investidores. E terá acesso a recursos mais baratos no mercado. Isso
porque, nesse modelo -adotado
por empresas americanas-, o
presidente do conselho não é o
presidente da empresa.
"Logo, deixa de ter o poder todo
nas mãos e dividirá mais responsabilidades. Investidores gostam
disso", diz Heloisa Bedicks, diretora do IBGC (Instituto Brasileiro
de Governança Corporativa).
Transparência
Além disso, a empresa tenta deixar a operação mais transparente.
Até o momento, Abilio não só definia as linhas estratégicas de
atuação da rede como ainda executava o trabalho. Como no seu
lugar entrará Augusto Marques
Filho, atual vice-presidente administrativo, Abilio não terá, digamos, "dupla função".
"Ser o "chairman" do grupo, ou
seja, o presidente do conselho e o
presidente da empresa, ao mesmo
tempo, foi o modelo usado por
empresas como a WorldCom,
que tiveram sérios problemas de
credibilidade. É uma estrutura
que não funciona mais", afirma
Heloísa.
Esse modelo, adotado pela rede,
é chamado de "governança corporativa", que começou a ser implementado na empresa nos anos
90. Mas são necessários avanços
nesse sentido, dizem analistas.
Por isso, foi o IBGC que, no final
de novembro, prestou esclarecimentos, em reunião fechada na
sede do Pão de Açúcar, sobre como fazer a transição completa do
sistema.
Diferença
Agora, ao abraçar esse plano de
"governança", o Pão de Açúcar
precisa dar outro passo: aderir a
um programa chamado "Níveis
Diferenciados de Governança
Corporativa", da Bovespa (Bolsa
de Valores de São Paulo). Se a Bolsa considerar que a empresa atua
de forma transparente o bastante
no mercado, ela passa a ser incluída num seleto grupo de empresas
bem-vistas pelo mercado.
Na prática, o estopim desse processo se deu em meados de 2001,
quando Abilio recebeu da consultoria McKinsey, especializada em
governança corporativa, um estudo sobre os negócios da companhia. Nesse estudo, era preciso
não só cortar pela metade a diretoria -oito executivos foram demitidos- como abraçar esse modelo de administração.
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