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"Vilão" em 2008, fertilizante terá custo menor
DA REDAÇÃO
A balança do agronegócio
perde com grãos e carnes, mas
deverá ganhar com fertilizantes. Um dos principais custos
dos produtores nos últimos
anos, os gastos com adubos e
fertilizantes devem ter peso
menor de US$ 3,5 bilhões na
balança neste ano, segundo
Victor Abou Nehmi Filho, gerente da Sparta, administradora de fundos de investimento.
Demanda menor e estoques
elevados vão segurar os preços.
Fertilizantes sofrem pressão
dos custos de energia e da variação cambial. Mas, como o
petróleo recuou mais do que o
dólar subiu, espera-se ganho ao
produtor na equação, diz Leonardo Sologuren, da Céleres.
A crise mundial deverá promover, no entanto, um mercado mais refinado, tanto para
fertilizantes como para grãos e
carnes. A parcela mais arriscada desse comércio vai sumir,
segundo Nehmi.
Os frigoríficos, por exemplo,
preferem redirecionar a carne
para o mercado interno, aumentando a oferta e reduzindo
os preços, do que vender para
importadores internacionais
duvidosos. Internamente, as
vendas para grandes redes têm
pagamento garantido.
A retração de demanda, a falta de crédito e o medo de negociações externas com importadores duvidosos fizeram os frigoríficos deixar uma cota extra
de 150 mil toneladas no mercado interno em novembro. Essa
carne deveria ter saído do país,
de acordo com Nehmi.
A demanda menor deve continuar, e as carnes podem ter as
maiores quedas nas receitas do
agronegócio em 2009. Nos cálculos de Nehmi, as exportações
caem 30% em volume, e o valor
médio deve recuar de 40% a
50%. As receitas de 2008, que
chegaram a US$ 14,5 bilhões,
podem cair pela metade.
Já no complexo soja, líder de
receitas no agronegócio, os volumes exportados não recuam,
mas os preços, sim: cerca de
30%. Com isso, a receita cai dos
US$ 18 bilhões de 2008 para
US$ 14 bilhões neste ano.
O mesmo ocorre no setor florestal, em que o mercado externo tem forte dependência do
Brasil, principalmente na importação de celulose. O volume
tem pouca queda, mas a redução de preços vai forçar a redução de 20% nas receitas neste
ano, para US$ 6,9 bilhões.
O setor sucroalcooleiro, importante para a balança, terá
perdas menores. A desvalorização do real dará mais vantagem
às exportações de açúcar do
que às vendas internas de álcool, que estão com os preços
inalterados, em reais, há várias
safras, diz Nehmi. O setor deve
obter US$ 4,9 bilhões.
(MZ)
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