|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BC usará reservas para refinanciar dívida externa de empresas
Mecanismo deve ser anunciado até o fim do mês e ajudará empresas que enfrentam a escassez de crédito; cerca de 4.000 companhias poderão se beneficiar
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse
ontem em Basileia, na Suíça,
que o governo anunciará até o
fim deste mês as regras de operação de uma nova linha de crédito para rolagem de dívida internacional contraída por empresas brasileiras.
A medida reduz a pressão sobre as companhias nacionais
que, no atual cenário de restrição internacional de crédito,
encontram dificuldades em renovar linhas de financiamento.
Muitos bancos estrangeiros,
em razão da crise de liquidez,
estão se negando a repactuar os
empréstimos concedidos às
empresas e exigindo a liquidação da operação. Esse movimento compromete o caixa das
empresas e pode criar desequilíbrios nas companhias.
A previsão do BC é que a linha de crédito especial auxilie
cerca de 4.000 empresas brasileiras que possuem dívida em
moeda estrangeira com vencimentos nos próximos meses.
O mandatário do BC brasileiro iniciou ontem a participação
na reunião bimestral do BIS
(Banco para Compensações Internacionais, na sigla em inglês,
órgão que reúne os principais
bancos centrais mundiais).
Serão US$ 20 bilhões, que
sairão das reservas internacionais do Brasil. Elas chegavam a
US$ 205 bilhões na última
quinta-feira, segundo dados do
BC. A previsão do governo é
que o mecanismo de funcionamento dessa linha emergencial
para o setor privado seja semelhante ao já adotado pelo Banco
Central na oferta de crédito para ACC (Adiantamento sobre
Contratos de Câmbio).
A crise financeira global restringiu as linhas disponíveis
para os bancos brasileiros, o
que obrigou o governo a oferecer dólares para garantir o fluxo dessas operações e manter
as exportações do país. O BC já
fez vários leilões de dólares das
reservas brasileiras para os
bancos comerciais.
Pelas regras, as instituições
bancárias que captam esses recursos ficam com o compromisso de ofertar linhas de
ACCs para as empresas. A garantia da operação é o próprio
contrato entre os bancos e as
empresas. Os recursos não emprestados voltam para os cofres
do Banco Central.
O governo ainda discute a
modelagem da linha para a rolagem, sobretudo quais as garantias que serão exigidas pelo
Banco Central. A Folha apurou
que o repasse de recursos das
reservas para os bancos privados será semelhante ao adotado nas operações de financiamento de ACCs, via leilão.
Agenda
O presidente do BC participa
hoje, em Basileia, de dois encontros. Pela manhã, Meirelles
participa de uma reunião na
qual irá discutir com outras lideranças de bancos centrais o
atual estágio da crise financeira
global. Mais tarde, ele falará
num encontro de 40 presidentes de autoridades monetárias
sobre os fundamentos da economia brasileira.
Meirelles fará uma explanação das medidas adotadas pelo
país para o enfrentamento da
crise, entre as quais a redução
dos compulsórios sobre depósitos à vista, o volume atual e o
uso das reservas brasileiras para ampliar a liquidez nos mercados de crédito e as medidas
de controle da inflação.
A agenda do presidente do
BC nesta semana é internacional. Na quarta, Meirelles fará
uma palestra a investidores em
Nova York, em encontro organizado pela Câmara de Comércio Brasil-EUA. Na quinta, estará em Cancún, no México, para um encontro com executivos
latino-americanos do banco
Santander. Ele termina o giro
em Miami, para uma reunião
com investidores na sexta.
Texto Anterior: "Vilão" em 2008, fertilizante terá custo menor Próximo Texto: Luiz Carlos Bresser Pereira: Maria, João e a crise Índice
|