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FolhaInvest
Setores ensaiam retomada na Bovespa
Mineração, petróleo e construção dão sinais de recuperação, mas analistas dizem que há muita incerteza no cenário internacional
No ano passado, Ibovespa acumulou queda de 41,2%, mas, agora em janeiro, já subiu 10,7%; recuperação, porém, pode ser passageira
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Após o tombo de 2008, a Bolsa de Valores iniciou 2009 em
ritmo forte. Alguns setores que
muito perderam recentemente
têm se destacado nestes primeiros pregões do ano. Mas o
que a Bovespa reserva para os
próximos meses ainda é uma
incógnita. Analistas aconselham aos investidores a não se
empolgarem com a arrancada
dos últimos pregões, pois nada
mudou de forma radical no cenário internacional para promover uma inversão de tendência do mercado.
Ainda é prematuro para afirmar, por exemplo, que o petróleo e as commodities metálicas
-muito importantes para a
Bolsa de Valores local e que se
depreciaram em 2008- irão se
recuperar neste ano.
"O mercado está neste momento sem muitos parâmetros,
rodeado de incertezas em relação ao que vai ocorrer com a
economia mundial", afirmou
Luiz Antonio Vaz das Neves,
analista da KNA Consultores.
"Com tantas dúvidas, o ideal é
focar agora em ações de companhias e setores mais tradicionais. Não é a hora de pensar em
ações de segunda linha", disse o
especialista.
O índice Ibovespa (que reúne
as 66 ações mais negociadas)
registrou perdas de 41,2% em
2008, no que foi seu pior ano
desde 1972. Neste ano, a Bolsa
já conseguiu subir 10,74%.
O setor de siderurgia e mineração é um que tem forte dependência da economia internacional. Para esse segmento, o
ritmo da economia chinesa será um ponto relevante para melhorar os preços das matérias-
primas e ajudar a dar novo ânimo a papéis de companhias como Vale, CSN e Gerdau.
A Vale, a segunda maior companhia listada na Bovespa, reflete bem o atual cenário. Seu
papel preferencial "A", que recuou 51,1% em 2008 na esteira
da depreciação das commodities, registra alta de 18,2% neste
ano. Mas ainda é cedo para saber até quando conseguirá
manter esse atual ritmo forte.
As ações da Petrobras, que
não registraram resultados animadores em 2008 com o enfraquecimento do preço do petróleo, também têm tido um bom
começo de ano. A ação preferencial da companhia, a mais
negociada no mercado doméstico, recuou 46,1% no ano passado. Neste ano, já subiu 11,2%.
O valor do petróleo, que chegou ao recorde de US$ 145 em
julho passado, depende de diferentes fatores para se recuperar, como o desempenho da
economia mundial e a consequente demanda pelo produto.
Na sexta-feira, o barril encerrou a US$ 40,83 -ou 72% abaixo de sua máxima.
Dependência interna
Se esses segmentos vão depender do ânimo internacional
para se recuperarem na Bolsa,
outros setores vão estar mais ligados ao desempenho da economia doméstica. Como a expectativa é a de que a economia
brasileira cresça a um ritmo
menor neste ano, há setores
que talvez tenham mais dificuldades para conquistar bons resultados que ajudem a impulsionar as suas ações.
A construção civil, por exemplo, já foi uma das decepções do
ano passado. Os papéis de empresas do setor se depreciaram
em 70,7% em 2008, segundo
cálculo da Economática. A ação
ON da Rossi Residencial foi o
papel do Ibovespa que mais
caiu no ano, com perdas de
83,2%. Mas, no embalo do atual
ritmo de recuperação, a ação da
Rossi Residencial disparou
27,2% na semana passada.
"As revisões negativas para o
cenário econômico de 2009
continuam. Nem bem começamos o ano e já temos informações novas suficientes para revisarmos para baixo nossas estimativas para o crescimento
de 2009", alerta Maristella Ansanelli, economista-chefe do
banco Fibra. "O crescimento do
PIB de 2009 deve ser inferior a
2%", afirma a economista.
Para 2008, a projeção do
mercado é a de que a economia
brasileira tenha crescido 5,6%.
"A economia vai crescer menos, e empresas que dependem
apenas do mercado interno terão dificuldades. Talvez o setor
de construção, um dos mais punidos em 2008, consiga algum
impulso com um esperado incentivo do governo. Esse segmento é um importante gerador de emprego e o governo está atento a isso", afirma Neves.
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