São Paulo, terça-feira, 12 de fevereiro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AGROFOLHA

COMÉRCIO EXTERIOR

Venda do produto para o exterior quase duplicou em três anos; atividade rendeu US$ 214 mi em 2001

Exportação de frutas dispara com incentivo

Sergio Andrade/Folha Imagem
Produtores de figo da cidade de Valinhos, interior de São Paulo, carregam caminhão com caixas da fruta que serão exportadas


MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL

As exportações de frutas brasileiras quase duplicaram nos últimos três anos. Empurrada pela desvalorização cambial e pelo programa de promoção de exportações do setor, a fruticultura trouxe ao Brasil US$ 214 milhões no ano passado.
Só as exportações de manga renderam US$ 50,8 milhões. As vendas de laranja, que respondem pelo maior volume exportado -foram 139 toneladas em 2001- , chegaram a US$ 27,5 milhões.
A desvalorização do real diante do dólar a partir de janeiro de 1999 ajudou o setor. Já naquele ano, as exportações subiram 44% em volume e 36% em dólares. No ano passado, o crescimento das exportações, em volume, chegou a 35%. "Mesmo com os atentados nos EUA, que acabaram comprometendo muitos embarques", lembra Maurício Ferraz, do Ibraf (Instituto Brasileiro de Frutas).
O Profruta (Programa de Desenvolvimento da Fruticultura) deu outro empurrão. O objetivo do programa é elevar as exportações do setor dos atuais US$ 214 milhões para US$ 1 bilhão até 2003. Se atingida, a cifra aumentará a participação do país no comércio internacional de frutas para cerca de 5%. A estimativa é que ela tenha sido de 1% em 2001.
O programa inclui desde programas de capacitação técnica para os produtores até um projeto de marketing das frutas brasileiras no exterior. Os programas de capacitação "ensinam" os agricultores que ainda não exportam a preparar seus produtos para o mercado internacional.
Para cativar os mercados europeu e americano, o programa criou a marca Brazilian Fruit. Com parte dos gastos financiados pelo governo, produtores levam seus produtos a feiras de negócios e grandes supermercados.
Só nos anos de 1998 e 1999, foram 450 operações de degustação de frutas brasileiras na Alemanha, 500 na França e 700 na Inglaterra.
"O programa cativa os consumidores. Ele traz confiabilidade para os produtos brasileiros. Os clientes sabem que há uma estrutura sendo montada, que o governo está envolvido. Eles sabem que ninguém faz tudo isso para investir em um mercado para ir embora um dia depois", diz Ferraz.
O projeto iniciou em 1998 com quatro frutas: manga, melão, mamão e uva. Em 1999, foi estendido para outras duas: maçã e limão.

Pólos de exportação
O aumento das vendas externas transformou as regiões produtoras em pequenos pólos de exportação. Manga e uva saem principalmente do Vale do Rio São Francisco. Na região de Mossoró, no Rio Grande do Norte, é produzida a maior parte dos mamões mandados para fora. O melão sai de Linhares, no Espírito Santo.
Parte significativa do aumento das vendas externas, dizem os exportadores, ocorreu porque um número maior de produtores se interessaram pelo mercado internacional. Assim, mesmo nas áreas em que os exportadores tradicionais não aumentaram suas vendas, a entrada de novos agricultores ajudou a impulsionar as exportações.
"A idéia de que exportação é uma prioridade surtiu efeito. O "exportar ou morrer" virou lema dos produtores também. O interesse em vender para fora aumentou", diz Sérgio Braga, da Euroconte Exportação e Importação.
Ele avalia que o aumento de exportação deve-se, em grande parte, ao aumento do interesse de quem antes sequer pensava que os europeus gostavam de manga e mamão brasileiros.
E gostam. O consumo per capita de frutas dos alemães é de 112 quilos por ano. Na França e na Holanda ele passa de 90 quilos. Na Espanha e na Itália o consumo per capita também passa de 100 quilos por ano.
A pauta de exportação ainda está concentrada em menos de dez produtos que, juntos, respondem por 90% das vendas externas. Mais de 70% das frutas exportadas pelo Brasil são consumidas pelos europeus: Holanda, Inglaterra, Espanha, França e Alemanha são os maiores importadores. Só os holandeses compram 39% das frutas exportadas pelo Brasil. Mas a maior parte é redistribuída para outros países europeus.


Texto Anterior: Fusão: Votorantim negocia com empresa peruana
Próximo Texto: Exportador tem de se ajustar a preferências
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.