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LEÃO GULOSO
Palocci e Paulo Skaf discutiram aumento de tributos para as prestadoras de serviços, mas ainda não houve acordo
Governo e Fiesp começam a negociar MP 232
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo iniciou ontem as negociações com o setor produtivo
para alterar a polêmica medida
provisória nš 232. Durante duas
horas, o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado
de São Paulo), Paulo Skaf, e o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) discutiram o assunto, mas
não houve decisão.
Na próxima semana, Skaf voltará ao Ministério da Fazenda
acompanhado de empresários.
Também deverão participar do
encontro líderes dos partidos no
Congresso, onde a MP recebeu
críticas de governistas e de oposicionistas.
"A reunião foi bastante proveitosa. Nós ponderamos todos os
pontos de desconforto. Não foi
uma reunião final. Se, em uma
única reunião, conseguíssemos
resolver tudo, o problema não seria tão grave", disse Skaf, acrescentando que Palocci mostrou
haver espaço para negociação.
A indústria destacou quatro
pontos a serem alterados na MP
232: a ampliação da base de cálculo do IR e da CSLL das empresas
prestadoras de serviços de 32%
para 40% (aumento de 25%); retenção do IR na fonte dos produtores rurais; restrições para análise de assuntos pelo Conselho de
Contribuintes; e tributação da variação cambial (aumento do dólar
em relação ao real) de investimentos das empresas no exterior.
Na avaliação da Fiesp, alguns
pontos são inaceitáveis e precisam ser drasticamente modificados. Skaf afirmou que o dispositivo que proíbe que o Conselho de
Contribuintes julgue determinados tipos de recursos ou causas
até R$ 50 mil é um exemplo.
"Mas em todos os quatro pontos houve discussão e boa vontade para debater. Não houve nenhum ponto que ele [Palocci] tenha se recusado a debater", relatou Skaf.
Mudar não é recuar
Segundo ele, as prováveis alterações na MP não significam recuo
do governo. "O debate é legítimo.
Não significa que há vencedores
ou perdedores, recuo ou voltar
atrás. Isso não é uma disputa."
Skaf afirmou ainda que a MP
não passará no Congresso caso
não sejam feitas alterações. Na
parte da manhã, durante café com
ministros e líderes dos partidos
aliados, o presidente da Câmara,
João Paulo Cunha, afirmara que a
medida provisória, sem alterações, não será aprovada pelos parlamentares (leia texto abaixo).
"Como está, a medida provisória não passa, eu também acho.
Não passa também na nossa aceitação. Se eu sentisse que há uma
posição radical do ministro, eu
não teria nada o que fazer aqui na
semana que vem", declarou Skaf.
Ele disse que, se governo e empresários não conseguirem chegar a um consenso, a indústria
passará a discutir o assunto nos
corredores do Congresso. "Mas
acredito que as negociações vão se
encaminhar de forma positiva. Se
a próxima reunião não for conclusiva, vai avançar bastante."
Na conversa com Palocci, Skaf
também reclamou da política de
elevação dos juros e reafirmou o
temor da indústria sobre o aumento dos gastos públicos. No
encontro, segundo ele, não foi
abordada eventual remarcação de
preços por parte das indústrias.
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