São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

INTEGRAÇÃO

Linha de crédito no total de US$ 1 bi ainda depende de garantias; Paraguai, Argentina e Bolívia também terão financiamento

BNDES libera 22% de recursos à Venezuela

PEDRO SOARES
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) tem uma linha de crédito de US$ 1 bilhão para financiamentos à Venezuela, mas até agora desembolsou só US$ 219 milhões em empréstimos (21,9%).
Somente três projetos foram contemplados com recursos do banco estatal brasileiro: a ampliação da linha 3 do metrô de Caracas (US$ 78 milhões), a usina hidrelétrica de La Vultosa (US$ 121 milhões) e a compra de 22 colheitadeiras produzidas no Brasil (US$ 19,9 milhões).
O restante da linha ainda não foi liberado porque o governo da Venezuela só apresentou garantias para US$ 220 milhões. O mecanismo utilizado foi o CCR (Convênio de Crédito Recíproco), pelo qual o Banco Central venezuelano assegura o pagamento ao BNDES em caso de inadimplência do tomador do empréstimo -no caso, a própria República da Venezuela.
O CCR é um modelo já testado na América do Sul para evitar o risco de crédito em operações de comércio exterior.
De acordo com o presidente do BNDES, Guido Mantega, o objetivo da linha é fomentar as exportações brasileiras, financiando a compra de bens e serviços produzidos no Brasil. "São operações muito bem-vindas e muito positivas para o país. A balança comercial se beneficia com isso", disse.
Para executar as obras, o governo venezuelano contratou duas empresas brasileiras -a Odebrecht fará o metrô e a Alstom do Brasil, a usina-, que importarão os equipamentos do Brasil.
Amanhã o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visita a Venezuela. Mantega, que estará na comitiva, disse que Lula anunciará a criação de um fundo capitalizado pelo BNDES e pelo governo venezuelano, "que facilitará financiamentos" ao país vizinho.
Com capital total de US$ 1 bilhão, o fundo será constituído "meio a meio" entre o governo da Venezuela e o BNDES, segundo Mantega. Ele não deu detalhes de como ele será operado.
A Venezuela não é o único país da América do Sul a contar com o apoio do BNDES. O banco já aprovou um empréstimo de US$ 77 milhões para financiar a expansão de uma rodovia no Paraguai. Do mesmo modo que na Venezuela, o tomador do empréstimo é o governo do Paraguai, que apresentou as garantias ao financiamento por meio de CCR.
O banco tem disponível ainda R$ 1 bilhão para financiar projetos a serem desenvolvidos na Argentina, mas até agora não houve nenhuma liberação. Existem ainda outros R$ 600 milhões no caixa do banco cujo destino são empreendimentos na Bolívia.
Mais dois projetos na América do Sul estão em fase de contratação e terão recursos do BNDES: um gasoduto no Peru e uma hidrelétrica no Equador. Como os contratos não foram assinados, o BNDES não informou valores.

Texto Anterior: Indústria: Unilever abandona dupla presidência após 75 anos
Próximo Texto: Tango da dívida: Adesão à troca está em 37%, diz Lavagna
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.