São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 2005

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TANGO DA DÍVIDA

Adesão à troca está em 37%, diz Lavagna

SILVANA ARANTES
DE BUENOS AIRES

A adesão à oferta de troca da dívida pública argentina está em 37,3%, a duas semanas do fim da operação, conforme anunciou o ministro da Economia do país vizinho, Roberto Lavagna.
Índices contraditórios sobre a aceitação da proposta haviam sido divulgados nesta semana. Na segunda, Lavagna afirmou que a adesão à troca estava "em torno de 35%".
No dia seguinte, o Bank of New York, contratado como agente de câmbio pela Argentina, informou que a adesão era de 42%.
O Ministério da Economia vizinho atribuiu o desencontro dos números ao uso de "diferentes metodologias" de cálculo. Enquanto a Argentina se baseia no valor real dos bônus, o Bank of New York estaria usando o valor nominal.
Lavagna disse que "aproximadamente 50%" da adesão é de credores com até US$ 50 mil (R$ 130 mil). Para esse perfil de investidor foi desenhado o bônus par -sem desconto de capital, mas com prazo de pagamento de 35 anos.
As emissões de bônus par atingiram US$ 10,7 bilhões (R$ 27,9 bilhões). A composição da dívida nova tem 50% de bônus em moeda local (pesos), 30,5% em dólar, 17,9% em euro e 0,8% em iene.
O mercado argentino demonstra otimismo com o resultado da reestruturação dos US$ 81,8 bilhões (cerca de R$ 213,6 bilhões) da dívida com credores privados, em moratória desde dezembro de 2001.
A Bolsa de Buenos Aires bate recordes de volume de negócios e opera em alta do índice Merval (a sétima consecutiva, ontem) desde que o presidente da Argentina, Néstor Kirchner, encaminhou ao Congresso projeto de lei que impede a reabertura da troca. O encerramento da oferta de troca da dívida está previsto para o dia 25 de fevereiro.
O projeto de Kirchner, que caracteriza a atual proposta como "definitiva" e descarta vantagens posteriores aos credores que não aderirem à troca, foi aprovado na noite de quarta pelo Congresso argentino.
O investidor Hans Humes, copresidente do Comitê Global de Detentores de Títulos Argentinos (GCAB, sigla em inglês), reagiu anteontem à aprovação da lei, afirmando que a entidade tomará "medidas legais" para derrubá-la na próxima semana.
A direção do Comitê Global afirma representar detentores de US$ 39 bilhões (R$ 101 bilhões) de títulos da dívida argentina.
A entidade se manifestou contra a oferta do país vizinho, que classificou de "mesquinha", e fez campanha nos principais mercados do mundo, pedindo aos credores que rejeitassem a proposta de reestruturação da dívida.

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