São Paulo, domingo, 12 de fevereiro de 2006

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Pesquisa faz fábrica mudar foco e dar um salto

Linha de produção de fábrica de impressoras, que exporta máquinas para os Estados Unidos

Jonas Oliveira/Folha Imagem
Linha de produção de fábrica de impressoras, que exporta máquinas para os Estados Unidos


DA REPORTAGEM LOCAL

Na década de 80, as impressoras de estabelecimentos comerciais e empresas brasileiras precisavam de adaptação. A inflação brasileira criava preços gigantes, cifras cada vez maiores, e as máquinas precisavam ser capazes de imprimi-los. No mercado internacional, os esquipamentos eram programados para imprimir em 40 colunas. No Brasil, 48.
Às empresas estrangeiras não interessava fazer tantas adaptações para atender ao mercado brasileiro. O nicho de mercado foi aproveitado por dois pós-graduandos que , no Cefet (Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná), haviam trabalhado em tese sobre impressão matricial por impacto.
No início da década de 90, período no qual a internet começava timidamente a engatinhar, os dois pós-graduandos usaram a pesquisa desenvolvida na academia para fundar uma empresa que fabricava máquinas de telex.

Estratégia
Marcel Malczewski e Wolney Betiol, os pós-graduandos, já mestres em ciências, mudaram a estratégia da Bematech, que passou a fabricar microimpressoras. Dessas que você encontra em caixas de supermercados para imprimir as notas fiscais, em agências bancárias, em quase todos os estabelecimentos comerciais e postos de auto-atendimento.
Em 2000, 50% das impressoras instaladas em pontos comerciais para emissão de cupons fiscais eram fabricados pela empresa. Em 2001, ela começou a exportar para os EUA.
Cerca de 10% dos 350 funcionários da empresa estão no departamento de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento). Para ter uma idéia do quanto o número é relevante, do total da força de trabalho brasileira, estima-se que apenas 0,2% esteja envolvida em atividades de P&D.
"No início, nosso organograma tinha apenas um departamento, o de pesquisa e desenvolvimento", brinca Betiol, sócio-fundador e hoje diretor da empresa, que investe em média 6% do faturamento bruto em atividades de P&D.

No mercado
Betiol diz que, sem um processo interno de inovação e lançamento de novos produtos, o faturamento cairia a zero em seis anos. "Sem esse investimento, eu estaria fora do mercado em pouco tempo."
Fundada em 1990, a empresa conta hoje com o fundo de empresas emergentes do BNDES entre seus sócios. O banco estatal tem 20% das ações da empresa.
O incentivo do setor público, diz o diretor da empresa, foi importante, dada a dificuldade de novas empresas para obter financiamento. "[O apoio estatal] é condição fundamental. E não é só no Brasil, é no mundo todo", diz.


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