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"É outro estilo, a gente vai em frente e vence"
DA REPORTAGEM LOCAL
Há 62 anos, Pedro Rodrigues de
Almeida, filho de um exportador
de fumo arruinado pela entrada
da Alemanha, onde estavam seus
principais clientes, na Segunda
Guerra Mundial, saía de Conceição da Feira, cidade do interior da
Bahia, para trabalhar em um armazém em outra cidade baiana,
Umburanas. Na época, Almeida
tinha 14 anos.
Seria a primeira das várias migrações de Almeida, que seguiu a
carreira de consultor de lojas de
confecções que queriam instalar-se no Brasil.
A migração definitiva foi em
1959, quando fundou uma indústria têxtil em São José do Rio Preto, interior de São Paulo. Hoje
com 76 anos, Almeida preside a
Rutilan, que tem faturamento
mensal de mais de R$ 400 mil.
Também diretor adjunto do
Ciesp (Centro das Indústrias do
Estado de São Paulo), ele atribui o
seu sucesso ao fato de ter tido coragem de deixar sua terra natal.
Lula e Mailson
"O migrante tem outro estilo de
trabalho. Quando se depara com
uma oportunidade ele vai em
frente, e vence", afirma.
São vários os casos parecidos
com o de Almeida, a começar pela
história de Luiz Inácio Lula da Silva, nascido na miséria no município de Garanhuns, no interior de
Pernambuco, e eleito presidente
da República. Lula veio para São
Paulo no início dos anos 50.
Uma dessas histórias é a do paraibano Mailson da Nóbrega, 63,
ex-ministro da Fazenda e atualmente sócio da consultoria Tendências. Nascido no sertão da Paraíba, na cidade de Cruz do Espírito Santo, ele foi estudar na capital, João Pessoa, aos 12 anos.
"Na época havia três opções para pessoas de família humilde como eu. Entrar nas Forças Armadas, seguir o sacerdócio ou prestar concurso para o Banco do Brasil. Tentei as três, mas acabei seguindo carreira mesmo no Banco
do Brasil", relata.
Foi pelo banco que ele foi para o
Rio de Janeiro, em 1968. Em 1970
migrou para Brasília, e só então
foi fazer faculdade de economia.
Depois de galgar postos dentro do
Banco do Brasil, foi ministro da
Fazenda de janeiro de 1988 a março de 1990, durante o governo do
presidente José Sarney.
Esforço tem de ser maior
"O migrante trabalha em um
meio que não é o dele, compete
com gente que já está estabelecida. O esforço tem de ser maior",
diz o ex-ministro.
"Sofri discriminação em determinados momentos. Em um
mercado tão competitivo, é preciso ter senso de sobrevivência",
afirma o publicitário baiano Sérgio Amado, 57, que hoje, morando em São Paulo, preside a agência de publicidade Ogilvy.
Amado começou a trabalhar
aos 14 anos e fundou uma agência
de publicidade ainda em Salvador, a D&E. Mas considera que
sua carreira deu uma guinada
maior ao vir para São Paulo, depois de ter vendido tudo o que
possuía na Bahia.
"Comprei 25% de uma agência
que estava com problemas financeiros sérios, a Denison. Podia ter
escolhido voltar para a Bahia por
causa desses problemas, mas escolhi ficar. Implementei algumas
reformas e a agência passou a ser
reconhecida no mercado."
Amado preside a agência
Ogilvy, que comprou a Denison
há 13 anos. "Hoje há uma grande
safra de baianos iniciando carreira nas agências de publicidade",
afirma Amado.
Outros casos de publicitários
baianos que migraram, esses já
consolidados no mercado, são Nizan Guanaes e Sérgio Gordilho,
ambos da Africa.
(MP)
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