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Volks poderá ser multada por acidentes
Órgão do Ministério da Justiça apura suposta falha no Fox; entidades de defesa do consumidor dizem que empresa não assume recall
Líder de grupo de vítimas afirma que 36 já relataram ter sofrido mutilações nos dedos ao moverem banco; montadora nega defeito
VERENA FORNETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O DPDC (Departamento de
Proteção e Defesa do Consumidor), ligado ao Ministério da
Justiça, pode multar a Volks
em até R$ 3 milhões em razão
dos casos em que proprietários
do veículo Fox tiveram o dedo
mutilado ao tentar mover o
banco traseiro para ampliar o
porta-malas do carro.
A empresa só pode ser multada se ficar provado que não tomou providências para orientar os usuários. Até agora, segundo o técnico químico Gustavo Funada, 51, que perdeu
parte do dedo médio da mão direita em 2004, 36 pessoas já o
procuraram para relatar o acidente. Funada foi um dos primeiros consumidores a denunciar o problema e hoje é um dos
líderes do grupo de vítimas. A
Volks responde judicialmente
por oito casos (leia ao lado).
Rodolfo Rizzotto, coordenador do SOS Estradas (Programa de Redução de Acidentes
nas Estradas) e especialista em
recalls, critica o valor estimado
para a multa. "O valor é irrisório em relação aos danos causados. Como as empresas podem
recorrer, há dúvidas de que o
dinheiro das multas que as
montadoras recebem realmente entrem nos cofres públicos."
Para Rizzotto, falta um órgão
brasileiro que possa testar a segurança dos veículos e que concentre as denúncias dos usuários e que as investigue. "No
Brasil, a iniciativa de fazer um
recall parte só da montadora."
A ProTeste (associação de
defesa do consumidor) e o Idec
(Instituto Brasileiro de Defesa
do Consumidor) dizem que a
Volks, na prática, faz um recall
do veículo e se nega a admiti-lo.
A Volks diz que instalará de
graça um anel de borracha no
Fox para vedar a argola que
destrava o banco traseiro e supostamente causa acidentes.
Ana Luisa Ariolli, supervisora institucional da ProTeste,
diz que a Volks está "usando
subterfúgios para não chamar
de recall o que é um recall".
Ariolli diz que a montadora se
nega a cumprir o Código de Defesa do Consumidor sobre o recall, que prevê ampla divulgação do perigo a que o usuário
está submetido.
Ela critica o que chama de
demora para tomar providências. "É de estranhar que uma
empresa como a Volks não tenha tomado providências desde o primeiro caso."
Gustavo Funada afirma que
sofreu o acidente em dezembro
de 2004 e que comunicou a empresa em janeiro de 2005. "Eles
sabiam do problema e, se tivessem tomado providências, mais
ninguém teria se machucado."
Marcos Diegues, gerente jurídico do Idec, avalia que o risco
a que o usuário do Fox estaria
submetido não é informado
claramente. "No adesivo colado
no banco traseiro do carro que
alerta sobre a necessidade de
consultar o manual, há uma informação, e não uma advertência. Uma advertência seria dizer que não se pode de jeito nenhum colocar o dedo ali."
No site www.vwbr.com.br,
a Volks disponibiliza um vídeo
com o passo-a-passo para mover o banco traseiro do Fox. O
telefone de atendimento ao
usuário da montadora é o
0800-0195775.
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