São Paulo, terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

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Volks poderá ser multada por acidentes

Órgão do Ministério da Justiça apura suposta falha no Fox; entidades de defesa do consumidor dizem que empresa não assume recall

Líder de grupo de vítimas afirma que 36 já relataram ter sofrido mutilações nos dedos ao moverem banco; montadora nega defeito

VERENA FORNETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O DPDC (Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor), ligado ao Ministério da Justiça, pode multar a Volks em até R$ 3 milhões em razão dos casos em que proprietários do veículo Fox tiveram o dedo mutilado ao tentar mover o banco traseiro para ampliar o porta-malas do carro.
A empresa só pode ser multada se ficar provado que não tomou providências para orientar os usuários. Até agora, segundo o técnico químico Gustavo Funada, 51, que perdeu parte do dedo médio da mão direita em 2004, 36 pessoas já o procuraram para relatar o acidente. Funada foi um dos primeiros consumidores a denunciar o problema e hoje é um dos líderes do grupo de vítimas. A Volks responde judicialmente por oito casos (leia ao lado).
Rodolfo Rizzotto, coordenador do SOS Estradas (Programa de Redução de Acidentes nas Estradas) e especialista em recalls, critica o valor estimado para a multa. "O valor é irrisório em relação aos danos causados. Como as empresas podem recorrer, há dúvidas de que o dinheiro das multas que as montadoras recebem realmente entrem nos cofres públicos."
Para Rizzotto, falta um órgão brasileiro que possa testar a segurança dos veículos e que concentre as denúncias dos usuários e que as investigue. "No Brasil, a iniciativa de fazer um recall parte só da montadora."
A ProTeste (associação de defesa do consumidor) e o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) dizem que a Volks, na prática, faz um recall do veículo e se nega a admiti-lo.
A Volks diz que instalará de graça um anel de borracha no Fox para vedar a argola que destrava o banco traseiro e supostamente causa acidentes.
Ana Luisa Ariolli, supervisora institucional da ProTeste, diz que a Volks está "usando subterfúgios para não chamar de recall o que é um recall". Ariolli diz que a montadora se nega a cumprir o Código de Defesa do Consumidor sobre o recall, que prevê ampla divulgação do perigo a que o usuário está submetido.
Ela critica o que chama de demora para tomar providências. "É de estranhar que uma empresa como a Volks não tenha tomado providências desde o primeiro caso."
Gustavo Funada afirma que sofreu o acidente em dezembro de 2004 e que comunicou a empresa em janeiro de 2005. "Eles sabiam do problema e, se tivessem tomado providências, mais ninguém teria se machucado."
Marcos Diegues, gerente jurídico do Idec, avalia que o risco a que o usuário do Fox estaria submetido não é informado claramente. "No adesivo colado no banco traseiro do carro que alerta sobre a necessidade de consultar o manual, há uma informação, e não uma advertência. Uma advertência seria dizer que não se pode de jeito nenhum colocar o dedo ali."
No site www.vwbr.com.br, a Volks disponibiliza um vídeo com o passo-a-passo para mover o banco traseiro do Fox. O telefone de atendimento ao usuário da montadora é o 0800-0195775.


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