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TELECOMUNICAÇÕES
Valor de aquisição foi de US$ 113 mi; Telecom pagou outros R$ 75 mi pela parte do Bradesco na UGB
Italianos compram as teles da Globopar
TONI SCIARRETTA
da Sucursal do Rio
A Globopar vendeu por US$ 113
milhões sua participação na Tele
Sul Celular e na Tele Nordeste Celular para a Telecom Italia. Pela
parte do Bradesco na UGB (União
Globopar Bradesco), os italianos
pagaram outros R$ 75 milhões.
A Telecom Italia dividia, meio a
meio, o controle das duas teles
com a UGB, parceria entre os grupos Globo e Bradesco no setor de
telefonia. A empresa italiana confirmou ontem à Folha, por meio de
sua assessoria de imprensa em Roma, que adquiriu o controle total
das duas teles.
O acordo definitivo só pôde ser
efetivado esta semana. Apenas na
sexta-feira da semana passada a
Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) autorizou a negociação entre os italianos e a UGB.
De acordo com o edital de privatização da Telebrás, estava proibida, por cinco anos, a mudança no
controle das teles recém-privatizadas. A autorização da Anatel deve
abrir caminho para alterações societárias nas demais teles.
As negociações entre a UGB e a
Telecom Italia foram fechadas em
15 de dezembro, mesmo sem a permissão da Anatel.
O diretor-executivo da Globopar, Mauro Molchansky, disse que
os italianos depositaram o pagamento numa "escrow account"
-uma conta em separado, em que
os beneficiários só podem efetuar
saque depois de cumpridas condições estipuladas em acordo-
num banco no exterior. Com a autorização da Anatel, os saques já
podem ser efetuados.
Na época, a UGB comunicou ao
mercado financeiro a intenção de
vender sua parte aos sócios italianos. No comunicado, a Globopar
explicou que a UGB havia feito um
acordo com a Telecom Italia, antes
da realização do leilão de privatização da Telebrás, em que os italianos teriam liberdade total para darem os lances pelas teles.
Em troca, a UGB teria a opção de
deixar o consórcio em até seis meses depois do leilão, caso considerasse os lances dos italianos ousados demais. O objetivo era que o
consórcio tivesse ""munição" suficiente para arrematar a Telesp, o
"filé mignon" da telefonia no país.
A Telesp acabou sendo vendida
para a Telefónica de España. Mesmo assim, os italianos, junto com a
UGB, compraram a Tele Celular
Sul com ágio de 204% e a Tele Nordeste Celular com ágio de 193%.
""A opção de venda (da participação da Globopar aos italianos) foi
exercida, pois, ao preço ofertado
pela Telecom Italia, não há, segundo nossas análises, retorno mínimo atrativo que justifique nossa
permanência", disse Molchansky,
por fax, à Folha.
A Globopar tem dívidas de cerca
de US$ 1,5 bilhão no mercado internacional. Desses, US$ 500 milhões vencem neste ano. No final
de 98, o grupo deixou a maioria
das concorrências pelas TVs pagas
em que havia se inscrito.
A Globopar reiterou que sua saída da Tele Sul Celular e da Tele
Nordeste Celular não significa que
esteja desistindo de investir no setor de telecomunicações brasileiro. A empresa informou que não
pretende vender sua participação
de 12% na Maxitel, operadora da
banda B da telefonia celular na Bahia, Sergipe e Minas Gerais.
""A Maxitel é atraente em termos
de retorno, considerando os investimentos que foram e serão necessários nos próximos anos", disse.
Também ao final de 98, a Globopar anunciou que deixava de participar dos leilões das empresas-espelho da Telebrás (telefônicas que
estão sendo criadas para concorrer
com as teles recém-privatizadas).
Ontem, a Globopar voltou atrás e
informou que essa decisão não é
definitiva e ""pode ser revista". ""A
Globopar sempre manteve conversações com potenciais parceiros", disse Molchansky.
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