São Paulo, Sexta-feira, 12 de Fevereiro de 1999
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TELECOMUNICAÇÕES
Valor de aquisição foi de US$ 113 mi; Telecom pagou outros R$ 75 mi pela parte do Bradesco na UGB
Italianos compram as teles da Globopar

TONI SCIARRETTA
da Sucursal do Rio

A Globopar vendeu por US$ 113 milhões sua participação na Tele Sul Celular e na Tele Nordeste Celular para a Telecom Italia. Pela parte do Bradesco na UGB (União Globopar Bradesco), os italianos pagaram outros R$ 75 milhões.
A Telecom Italia dividia, meio a meio, o controle das duas teles com a UGB, parceria entre os grupos Globo e Bradesco no setor de telefonia. A empresa italiana confirmou ontem à Folha, por meio de sua assessoria de imprensa em Roma, que adquiriu o controle total das duas teles.
O acordo definitivo só pôde ser efetivado esta semana. Apenas na sexta-feira da semana passada a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) autorizou a negociação entre os italianos e a UGB.
De acordo com o edital de privatização da Telebrás, estava proibida, por cinco anos, a mudança no controle das teles recém-privatizadas. A autorização da Anatel deve abrir caminho para alterações societárias nas demais teles.
As negociações entre a UGB e a Telecom Italia foram fechadas em 15 de dezembro, mesmo sem a permissão da Anatel.
O diretor-executivo da Globopar, Mauro Molchansky, disse que os italianos depositaram o pagamento numa "escrow account" -uma conta em separado, em que os beneficiários só podem efetuar saque depois de cumpridas condições estipuladas em acordo- num banco no exterior. Com a autorização da Anatel, os saques já podem ser efetuados.
Na época, a UGB comunicou ao mercado financeiro a intenção de vender sua parte aos sócios italianos. No comunicado, a Globopar explicou que a UGB havia feito um acordo com a Telecom Italia, antes da realização do leilão de privatização da Telebrás, em que os italianos teriam liberdade total para darem os lances pelas teles.
Em troca, a UGB teria a opção de deixar o consórcio em até seis meses depois do leilão, caso considerasse os lances dos italianos ousados demais. O objetivo era que o consórcio tivesse ""munição" suficiente para arrematar a Telesp, o "filé mignon" da telefonia no país.
A Telesp acabou sendo vendida para a Telefónica de España. Mesmo assim, os italianos, junto com a UGB, compraram a Tele Celular Sul com ágio de 204% e a Tele Nordeste Celular com ágio de 193%.
""A opção de venda (da participação da Globopar aos italianos) foi exercida, pois, ao preço ofertado pela Telecom Italia, não há, segundo nossas análises, retorno mínimo atrativo que justifique nossa permanência", disse Molchansky, por fax, à Folha.
A Globopar tem dívidas de cerca de US$ 1,5 bilhão no mercado internacional. Desses, US$ 500 milhões vencem neste ano. No final de 98, o grupo deixou a maioria das concorrências pelas TVs pagas em que havia se inscrito.
A Globopar reiterou que sua saída da Tele Sul Celular e da Tele Nordeste Celular não significa que esteja desistindo de investir no setor de telecomunicações brasileiro. A empresa informou que não pretende vender sua participação de 12% na Maxitel, operadora da banda B da telefonia celular na Bahia, Sergipe e Minas Gerais.
""A Maxitel é atraente em termos de retorno, considerando os investimentos que foram e serão necessários nos próximos anos", disse.
Também ao final de 98, a Globopar anunciou que deixava de participar dos leilões das empresas-espelho da Telebrás (telefônicas que estão sendo criadas para concorrer com as teles recém-privatizadas).
Ontem, a Globopar voltou atrás e informou que essa decisão não é definitiva e ""pode ser revista". ""A Globopar sempre manteve conversações com potenciais parceiros", disse Molchansky.


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