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PREÇOS
Instituição revê projeções porque dólar subiu acima das expectativas iniciais; primeira taxa do mês vai a 0,75%
Fipe prevê inflação de até 12% neste ano
MAURO ZAFALON
da Redação
A Fipe (Fundação Instituto
de Pesquisas
Econômicas) está refazendo
suas projeções
de inflação para
este ano e, agora, a entidade prevê taxa entre 10%
e 12%. A previsão anterior era de
8%. Na nova previsão da entidade,
apenas no primeiro semestre a taxa acumulará 8%.
Na primeira quadrissemana de
fevereiro, ou seja, nos últimos 30
dias terminados no dia 7, os preços
subiram, em média, 0,75%. É a
maior taxa quadrissemanal desde
julho de 97.
Heron do Carmo, coordenador
do Índice de Preços ao Consumidor, diz que a valorização do dólar,
prevista antes pela entidade em
30%, deve ser de 40% a 50%. Com
isso, a pressão a ser repassada para
os preços será maior do que a esperada anteriormente. A Fipe alterou
também a projeção da taxa de fevereiro, que deve ficar próxima a 1%,
e não em 0,5%, como a entidade
previa na semana passada.
Os efeitos da valorização do dólar sobre os preços estão superando as expectativas iniciais, conforme mostram as pesquisas da Fipe.
O pãozinho, por exemplo, estava
com queda de preços há um mês,
antes de o governo liberar o câmbio. Na pesquisa da primeira quadrissemana deste mês, já acumula
alta de 2,25%. A alta dos preços do
trigo ocorre porque o país é importador do produto.
Um dos maiores pesos no bolso
dos consumidores, no entanto,
vem de um produto com o qual o
país é líder mundial de exportação:
o café. A alta foi de 7% na quadrissemana, mas ainda sem efeitos fortes da desvalorização do real.
O aumento de agora ocorre porque cresceu a procura pelo produto brasileiro no mercado internacional, devido ao furacão Mitch na
América Central e ao terremoto na
Colômbia. Essas duas áreas de produção são concorrentes do Brasil
nas vendas mundiais.
O café brasileiro, que custava R$
115 para as indústrias em dezembro, subiu para R$ 150 em meados
de janeiro e, após a desvalorização,
já está em R$ 170.
A pesquisa da Fipe mostra também reajustes de preços nos produtos eletroeletrônicos. Com componentes importados, a valorização do dólar pesou sobre esses
itens. TV e videocassete já acumulam 4% nos últimos 30 dias.
Entre as altas que não dependem
da mudança cambial, o destaque
ficou para passagens de ônibus. Se
nada tivesse subido nos últimos 30
dias, mesmo assim a inflação teria
sido de 0,43% devido ao reajuste
nas tarifas em São Paulo.
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