São Paulo, Sexta-feira, 12 de Fevereiro de 1999
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Mercado não vê juro alto em fevereiro

VANESSA ADACHI
da Reportagem Local

O mercado financeiro já não acredita que o governo possa aumentar os juros em fevereiro.
A expectativa de que isso acontecesse esteve muito forte no início do mês, mas agora está praticamente descartada. Para os próximos meses, entretanto, a incerteza continua.
O temor de que o governo puxasse ainda mais os juros para conter a pressão inflacionária fez a projeção de taxa para este mês chegar a 52% no mercado futuro no último dia 1º.
Ontem, no entanto, esse mesmo contrato completava seu sexto dia de queda e apontava taxa de 40,1% para o mês. Quase no nível em que o governo tem mantido a taxa over -mercado de juros de um dia-, que está em 39%.
A expectativa de manutenção dos juros até o fim de fevereiro se refletiu também no leilão de títulos do governo, que saiu a uma taxa inferior ao over.
O Banco Central vendeu um lote de 500 mil papéis do tipo BBC-A a uma taxa média prefixada de 38,47%. Esses papéis são conhecidos como "híbridos", porque pagam uma taxa prefixada na primeira semana e depois, até o vencimento, são corrigidos pelo over.
Os papéis vendidos ontem têm vencimento em 3 de dezembro deste ano.
O fato de terem saído abaixo da taxa over não quer dizer que o mercado espere uma queda dos juros. Foi uma consequência do fato de o lote ser pequeno e a demanda, elevada.
A possibilidade de alta dos juros, entretanto, não foi totalmente afastada. A dúvida permanece e está espelhada nos demais contratos futuros da BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros).
As projeções estão bem inferiores ao nível em que estavam há duas semanas, mas ainda embutem um prêmio, que funciona como uma margem de segurança e sinaliza o medo do aumento.
As projeções para março ficaram em 47,82% ontem, subindo bastante em relação aos 46,53% da véspera.
Os contratos que projetam as taxas de abril subiram mais ainda, de 46,74% para 49,19%.
Está claro, segundo analistas do mercado, que o governo, aconselhado pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), vai usar a taxa de juro para manter a inflação sob controle.
Mas o governo não tem deixado transparecer qual será sua estratégia, se será necessário subir mais as taxas e quando. Com isso, o mercado financeiro tem operado sob grande incerteza.


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