São Paulo, domingo, 12 de março de 2000


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MERCADO TENSO
Previsão é de alta do Dow Jones se bolha do Nasdaq estourar
'Nova economia' não vive sem a 'velha', diz analista

France Press - 10.nov.99
Operadora observa painel eletrônico da Bolsa de Vova York


de Washington

A queda acentuada das ações das indústrias tradicionais norte-americanas, iniciada em janeiro e que ganhou força na semana passada, ainda não é resultado de um ajuste desses papéis a preços mais compatíveis com a perspectiva de juros altos e de inflação na maior economia do mundo.
Também não é um sinal de que a "velha economia", formada por gigantes como Philip Morris e Procter & Gamble, perdeu sua vez para estrelas de uma nova era tecnológica que inverteu a lógica de mercado.
Segundo uma percepção que ganha força entre personagens influentes no mercado acionário norte-americano, a "velha economia" estaria somente sendo vítima temporária de uma conhecida febre (ou bolha) especulativa que favorece empresas de alta tecnologia.
Para eles, essa febre vai acabar (ou explodir), como sempre acabou ao longo do século 20. "E, quando acabar, todos os investidores voltarão para as "blue chips", disse à Folha Richard McCabe, analista-chefe da Merrill Lynch, referindo-se às grandes companhias que fabricam bens de consumo e de capital e que servem há décadas como porto seguro a investidores.
"Todos os indicadores que tenho em mãos mostram que as "blue chips" não precisam de correção e que a esmagadora maioria das ações de companhias de Internet e de alta tecnologia está excessivamente avaliada. São essas, e não aquelas, que precisam de correção."
Pelo menos há três anos, acadêmicos e organismos multilaterais como o FMI e o Banco Mundial alertam para o superaquecimento do mercado de ações nos EUA.
Como esses alertas sempre tiveram como base e termômetro o tradicional índice Dow Jones (que deveria ser corrigido em 25% segundo relatório do FMI do ano passado), a migração de investimentos do Dow para o Nasdaq (de empresas de alta tecnologia) poderia ser vista como um início de um processo de ajuste não ortodoxo.
"Como as novas empresas de tecnologia não dependem de financiamento bancário nem de matérias-primas, algumas pessoas as vêem como imunes à política monetária do (Alan) Greenspan e à alta do petróleo", disse Chuck Hill, economista-chefe da First Call, uma empresa de consultoria da gigante Thomson Financial. "Mas elas não são imunes aos efeitos de uma bolha especulativa que, na minha opinião, existe e está prestes a estourar."
Segundo Hill, a disparidade entre as ações da "nova" e da "velha" economias é um dos sintomas dessa bolha. "É como se fossem dois planetas diferentes, como se os clientes das empresas de tecnologia não fossem as gigantes da velha economia."
McCabe concorda. "Se as gigantes da "velha economia" pararem de comprar software e equipamentos sofisticados da "nova", toda essa euforia acaba."
Mas Hill e McCabe explicam que essa não é a lógica do investidor típico das Bolsas norte-americanas hoje. "Eles não querem saber do mundo real. Querem lucros altos e rápidos. Já não é mais o pai de família que quer investir nos estudos do filho, mas o investidor que quer ficar milionário", disse Hill. Como resultado, a previsão mais realista para o mercado, segundo eles, é uma queda (provavelmente abrupta) do Nasdaq e uma alta do Dow Jones.
Mesmo os entusiastas na "nova economia", como Rod Berry, da Elijah Asset Management, dizem que é mais provável que as performances do Dow e do Nasdaq se alinhem. "O Dow irá subir, mas a Nasdaq não irá despencar. As ações de tecnologia ainda têm espaço para se valorizar."


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