São Paulo, domingo, 12 de março de 2000


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MERCADO TENSO
Para Richard McCabe, da Merrill Lynch, mercado superestima dificuldades da "velha economia"
Analista vê exagero na alta do Nasdaq

de Washington

Na última semana, investidores eufóricos fizeram uma montanha de dinheiro migrar de companhias tradicionais para empresas de alta tecnologia e da Internet.
Entre os motivos está um relatório divulgado na última terça-feira pela Merrill Lynch, que baixou a cotação de todo o setor de produção de bens de consumo não-duráveis dos EUA, incluindo Colgate-Palmolive, Kimberly Clark e Procter & Gamble, ícones da velha economia. Richard McCabe, analista-chefe da Merrill Lynch, disse à Folha que os mercados entenderam mal o relatório. Se dependesse de sua opinião, o movimento seria o inverso.

 

Folha - Na semana passada, a Merrill Lynch jogou álcool na fogueira dos mercados ao sugerir que os juros altos e o aumento no preço de produtos básicos reduzem a perspectiva de lucros de companhias tradicionais. Investidores fugiram para a alta tecnologia e para a Internet. Era isso o que vocês queriam?
Richard McCabe -
Não. O relatório aponta que algumas empresas, como a Procter & Gamble, não estavam ajustadas adequadamente para a perspectiva de juros altos e inflação. O relatório não condena a velha economia nem exalta a nova. É um problema de curto prazo.

Folha - Mas o sr. vê fundamentos na valorização recorde de ações das empresas de tecnologia no Nasdaq? A queda do Dow Jones foi necessária?
McCabe -
Não. A disparidade dos dois índices é completamente artificial. A nova economia está supercomprada e as ações de empresas tradicionais, incluindo as da Procter & Gamble, estão supervendidas. Todos os índices à minha disposição que medem o desempenho dos fundos de tecnologia mostram um crescimento exponencial exagerado. Já as ações de companhias tradicionais, apesar das turbulências que podem encontrar, estão baratas.

Folha - O que o sr. está dizendo é o inverso do que os mercados entenderam. Quer dizer que a correção deve ocorrer no Nasdaq e não no Dow Jones?
McCabe -
Sim. Houve uma valorização exagerada das ações de tecnologia e Internet. Agora é a vez de uma correção, que pode ocorrer em meses.

Folha - Essa correção no Nasdaq não derrubaria mais ainda o Dow Jones, provocando um "crash" e colocando em risco o desempenho de toda a economia norte-americana?
McCabe -
Não. Os investidores voltarão tranquilamente para as empresas tradicionais, como geralmente o fazem quando acaba a euforia que se segue à introdução de novas tecnologias. Mas muitos podem perder lá na frente.


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