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Acordo com a instituição já custou
R$ 17 bilhões das estatais desde 98
DA REPORTAGEM LOCAL
Do final de 1998 até o ano passado o acordo com o FMI (Fundo
Monetário Internacional) custou
ao Brasil cerca de R$ 17 bilhões
em investimentos das empresas
estatais brasileiras.
O motivo: os dois acordos que o
governo brasileiro assinou com o
Fundo -o primeiro em 1998 e o
segundo no ano passado- incluem, entre outras metas, a de
controle dos gastos do governo. O
FMI exige que o Brasil economize
recursos para utilizá-los no pagamento de juros e amortização da
dívida pública externa.
No ano passado, por exemplo, o
Brasil havia se comprometido a
economizar 3,35% do PIB (Produto Interno Bruto), ou R$ 40,2
bilhões. Mas economia foi maior
e chegou a R$ 43,6 bilhões.
As metas engessam os investimentos das empresas estatais
porque, segundo os critérios do
FMI, eles são contabilizados como gasto público.
Ou seja, todo gasto efetuado por
uma empresa controlada pelo governo, como a Petrobras ou a Eletrobrás, é considerado despesa do
governo, ainda que invista com
recursos próprios.
Assim, para atingir as metas fiscais acertadas com o Fundo, as estatais também "economizaram",
postergando investimentos.
Dos R$ 43,6 bilhões economizados pelo governo em 2001, por
exemplo, R$ 7,6 bilhões vieram
dos orçamentos das empresas estatais federais, valor correspondente, portanto, a 17,4% do superávit atingido no ano passado.
Aperto maior
Para este ano, a meta estabelecida pelo Fundo é ainda mais apertada. O governo brasileiro terá
que economizar 3,5% do PIB -o
que poderia continuar comprometendo a capacidade de investimento das empresas estatais em
setores de infra-estrutura.
A crise do setor elétrico -causada em parte pela falta de investimentos no setor- deixou os técnicos do governo mais sensíveis e
críticos ao critério adotado pelo
FMI. Do ponto de vista técnico, há
espaço para críticas, já que, para o
Fundo, tanto as receitas da Petrobras com venda de petróleo quanto a arrecadação de Imposto de
Renda acabam sendo consideradas "receitas do governo".
O Brasil já tentou, sem sucesso,
negociar com o FMI a adoção de
uma nova forma de cálculo do superávit. Os técnicos do governo
tentaram liberar os investimentos
das estatais no final de 2000 e em
julho de 2001 e, em ambas as tentativas, o FMI recusou a proposta.
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