|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÃO DE FERRO
UE vai impor cotas para não ser invadida por exportações que antes iam para os EUA; Canadá deve fazer o mesmo
Europa fecha fronteira ao aço importado
MARCELO STAROBINAS
DE LONDRES
A União Européia (UE) vai
apresentar hoje o primeiro esboço de medidas cujo objetivo será
dificultar a exportação de aço ao
continente. A ação faz parte da
disputa comercial com os EUA,
após decisão do governo norte-americano de aumentar em até
30% suas tarifas sobre importação do produto.
"Consideramos seriamente a
implementação de medidas defensivas nos mercados europeus
para evitar que sejamos inundados pelo aço que não vai entrar
nos EUA", disse à Folha, por telefone, Anthony Gooch, porta-voz
da Comissão Européia (órgão
executivo da UE).
Com o mercado dos EUA fechado, os europeus temem que cresça de maneira excessiva a importação de aço de países asiáticos e
latino-americanos. A UE deve impor cotas que limitem as vendas
desses produtores aos níveis
atuais, mas países do Leste europeu, como Rússia e Polônia, não
devem ser atingidos.
Na semana passada, a UE entrou com dois processos na OMC
(Organização Mundial do Comércio) contra os EUA. "Como o
processo na OMC leva tempo, para nos defender estamos prontos
a adotar salvaguardas", disse
Gooch, sem adiantar detalhes sobre as medidas.
O porta-voz disse que as barreiras seriam "não-discriminatórias". Teriam como objetivo sustentar os atuais níveis de importação de aço, sem levar a um fechamento do mercado europeu.
O comissário europeu para o
Comércio, Pascal Lamy, declarou
ter o dever de "proteger o mercado europeu" e "assegurar que nós
não seremos as vítimas" da iniciativa do presidente norte-americano, George W. Bush. Ele se reuniu
ontem com executivos da principais siderúrgicas do continente,
que aprovaram as medidas.
Lamy não quis adiantar detalhes, mas afirmou que, em casos
como esse, os procedimentos devem envolver "cotas e tarifas". Os
empresários aprovaram as medidas sugeridas pelo comissário.
Os europeus queixam-se das
medidas protecionistas de Bush e
prometem pedir compensação financeira de cerca de US$ 2,5 bilhões anuais para cobrir os prejuízos que suas empresas terão com
a queda nas exportações aos americanos. "Se não conseguirmos
compensação, aí vamos buscar
retaliação", disse Gooch.
A UE e os EUA têm 60 dias para
negociar um acordo "amigável".
Se ao final do período as diferenças persistirem, os europeus podem pedir que a OMC forme uma
comissão para julgar a disputa.
Além da UE, encaminharam
também uma queixa formal à
OMC os seguintes países: Austrália, Nova Zelândia, Japão e Coréia
do Sul. O Brasil, menos afetado
pelas restrições dos EUA, ainda
não decidiu se adotará procedimento semelhante.
Pelas regras do comércio internacional, os europeus não podem
fazer discriminações entre membros da OMC. Mas eventuais cotas não precisam ser as mesmas
para todos os países afetados.
Dessa maneira, os europeus devem oferecer cotas generosas para
os países do Leste europeu, não
restringindo, na prática, a ampliação das exportações. Já os países
asiáticos e latino-americanos, entre eles o Brasil, devem ter seu volume de vendas engessado.
O Canadá também vai adotar
medidas para que não sofra um
aumento abrupto das exportações. "A indústria solicitou a salvaguarda", disse ontem Pierre
Pettigrew, ministro canadense do
comércio.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Balança comercial: Devolução de avião leva saldo a US$ 544 mi Próximo Texto: Para BID, economia da América Latina ficará estagnada neste ano Índice
|