São Paulo, terça-feira, 12 de março de 2002

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PISCICULTURA

Após uma década de expansão, nš de estabelecimentos cai de 2.000 para 1.500; só profissionais sobrevivem

Pesque-pague vive fase de declínio em SP

Jorge Araújo/Folha Imagem
Tilápia de dois quilos é fisgada em pegue-pague de Jundiaí, em SP, Estado com o maior nš de estabelecimentos do ramo no país


CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Após uma década de expansão, o número de pesque-pague (estabelecimentos em que se paga pela quantidade de peixe pescada) no Estado de São Paulo começa a diminuir, segundo estimativas da Abrappesq (Associação Brasileira de Piscicultores e Pesqueiros).
Dados da pesquisa "Pesque-Pague no Estado de São Paulo", realizada pela Embratur em parceria com o PNDPA (Programa Nacional de Desenvolvimento da Pesca Amadora) e o Ibama, confirmam a tendência de declínio do setor.
Em 1996, auge da expansão de pesqueiros, estima-se que cerca de 2.000 pesque-pague estivessem em funcionamento. Passado o entusiasmo inicial, o mercado vive um momento de acomodação. Hoje, o número de estabelecimentos não passa de 1.500.
Segundo o presidente da Abrappesq, Pedro Sérgio Rigolo, 35, grande parte dos pesque-pague abertos durante o auge do setor pertencia a pessoas sem ligação com a piscicultura.
Por já possuírem terrenos com a infra-estrutura básica necessária para o desenvolvimento da atividade, muitos investidores viram no empreendimento a oportunidade de transformar uma área de lazer em negócio rentável.
Entretanto, segundo Rossana Venturieri, 45, consultora do PNDPA, o mercado demanda profissionalização. A manutenção de um pesqueiro necessita, entre outras coisas, da atuação de técnicos em piscicultura e de cuidados relativos à legislação ambiental. Com isso, para a pesquisadora, aqueles que ainda mantêm um nível de gestão rudimentar serão eliminados.

Faturamento
Para aqueles que investiram na profissionalização, o mercado da pesca amadora oferece atrativos. Estimativas do PNDPA e da Embratur indicam que a pesca amadora movimente cerca de US$ 600 milhões por ano no Brasil.
Para ter uma idéia, um pesque-pague de porte médio chega a comercializar cerca de 15 toneladas de peixe (a R$ 5,00/ kg, em média) por mês. Em 1999, só no Estado de São Paulo, que possui o maior número de estabelecimentos no país, os pesque-pague venderam 22 mil toneladas de peixe.
Criar um pesque-pague que atenda as atuais exigências tem custo inicial médio de R$ 140 mil.

Preços caem
Entre 1990 e 2000, José Bordinhon, 42, transportador de peixes para pesque-pague, teve um crescimento de 87,5% na demanda pelo seu serviço. Atualmente com uma média de 40 toneladas de peixe transportadas por mês, a um custo de R$ 0,50 por quilo, Bordinhon diz que o mercado se estabilizou, mas, como também é produtor, se preocupa com a queda do preço.
Segundo a Abrappesq, em 1997 o quilo do peixe vivo ficava em torno de R$ 2,60, hoje fica em torno de R$ 1,80.



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