São Paulo, sexta-feira, 12 de março de 2004

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RETOMADA?

Após retração em 2003, órgão do governo prevê expansão de 3,4%

Ipea baixa estimativa do PIB no ano

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O resultado negativo de 0,2% na taxa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2003 levou o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) a rever suas principais previsões para a economia brasileira neste ano em relação ao previsto em dezembro.
Embora a previsão para o crescimento do PIB tenha caído pouco, de 3,6% para 3,4%, a do consumo das famílias, principal medida do vigor do mercado interno, foi rebaixada em 1,5 ponto percentual, passando para 3,4%.
No geral, o Ipea segue otimista em relação ao desempenho econômico do país em 2004. De acordo com Paulo Levy, diretor de Estudos Macroeconômicos do órgão, os novos números resultam da divulgação, no mês passado, dos números do PIB de 2003.
O resultado negativo, segundo Levy, significa menor disponibilidade de renda, o que deverá ter impacto no consumo interno e, por extensão, no PIB.
O que explica um ajuste tão pequeno na previsão para o PIB é que o Ipea avalia que, pela ótica da demanda por bens e serviços, as exportações vão comandar novamente o crescimento do PIB, só que, ao contrário de 2003, juntamente com os investimentos.
A previsão para as exportações de bens e serviços, que era, em dezembro, de crescimento de 4,8%, passou para 8,7%. Em 2003, o crescimento foi de 14,2%. O Ipea avalia que, mesmo que seja menor do que o do ano passado, o aquecimento da economia internacional fará o crescimento das exportações brasileiras ser maior do que o esperado.
Em relação aos investimentos, os sinais positivos observados no final do ano passado fazem com que o Ipea estime para este ano crescimento de 6,4% (a previsão anterior era de 6,5%), contra uma queda de 6,6% em 2003.
Pela ótica da produção, a agropecuária será mais uma vez o motor da economia, impulsionada pelos preços dos produtos no exterior. O Ipea reviu sua previsão para o crescimento do setor neste ano de 3% para 5,8%. Em compensação, a previsão para a indústria baixou de 4,8% para 3,8%. Os serviços cresceriam 2,8%.

Cuidado com os juros
A recente alta dos preços no atacado, comandada pelos produtos industriais, é vista por Levy como um aspecto a ser visto "com cuidado" pelo Banco Central na hora de decidir sobre os juros. "Há uma meta de inflação [5,5% em 2004] e ela pode ser afetada se for adotada uma política monetária excessivamente "acomodativa"."
Ao mesmo tempo, ele observou que a queda dos preços no varejo é "consistente", até nos indicadores que medem o núcleo da inflação, com o expurgo de oscilações bruscas ou de itens voláteis.
O Ipea reviu sua previsão para a taxa de juros em dezembro deste ano de 13,5% para 14%, com queda de 2,5 pontos percentuais em relação aos atuais 16,5%.
Pela previsão anterior, os juros cairiam 0,25 ponto por mês durante todo o ano. A revisão considerou apenas o fato de o BC não ter modificado a taxa em janeiro e fevereiro. Em outras palavras, apesar do cuidado, o Ipea continua achando que os juros podem cair 0,25 ponto ao mês, em média.


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