São Paulo, sábado, 12 de março de 2005

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Balança do país não deve afetar juros no Brasil

DE NOVA YORK

Diretor de pesquisa de mercados emergentes do banco norte-americano Goldman Sachs, o economista Paulo Leme afirma que o déficit da balança comercial dos EUA não vai afetar os juros no país nem no Brasil, mas deve aumentar a desvalorização do dólar em relação ao euro.
O resultado também deve, nos próximos meses, valorizar o real ante a moeda norte-americana.
O economista prevê que o dólar chegue a R$ 2,65 nos próximos três meses e a R$ 2,80 até o final do ano, se houver redução na taxa de juros brasileira.
Leia a seguir trechos da entrevista, concedida à Folha por telefone.

 

Folha - O déficit da balança comercial norte-americana pode afetar os juros nos EUA e no Brasil?
Paulo Leme -
Não. Assim como no Brasil, há sempre uma confusão muito grande entre política monetária, balanço de pagamentos e juros e inflação. Da mesma forma que no Brasil, a política monetária está vinculada ao objetivo de preços, não ao balanço de pagamentos.

Folha - E em relação ao dólar?
Leme -
A única informação que se pode auferir dessa cifra desfavorável é que a necessidade de uma desvalorização adicional do dólar ainda continua sendo expressiva, na casa de 1,40 em relação ao euro.

Folha - Qual será o impacto em relação ao Brasil?
Leme -
Não há conclusões a respeito de aumento de juros no Brasil por causa desse déficit, os juros vão continuar subindo muito mais por razões preventivas de inflação. Mas o que se pode dizer é que a pressão para o real continuar se valorizando vai seguir se mantendo ao longo do ano.

Folha - Então o real vai se valorizar?
Leme -
A previsão é que ele se recupere nos próximos três meses, com US$ 1 a R$ 2,65. Como também tem uma previsão de que o Banco Central poderia começar a reduzir taxa de juros a partir do terceiro trimestre no Brasil, acho que fecha o ano mais para R$ 2,80.


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