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Para analistas, rentabilidade passou para patamar menor
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
O leilão do Rodoanel, que
aconteceu ontem em São Paulo, consolidou a tendência de
que as concessionárias de rodovias entraram definitivamente
num patamar menor de rentabilidade. Iniciado em outubro
com o leilão das rodovias federais, o movimento repetiu-se
agora com deságios sobre o preço mínimo por volta dos 60%.
As ações da CCR chegaram a
cair 5% depois que sua oferta
pelo trecho Oeste do Rodoanel,
com deságio de 61%, foi aceita.
"A competitividade aumentou
muitos nesses leilões porque o
setor de infra-estrutura é a bola
da vez e atrai cada vez mais investidores", diz Luiz Otávio
Broad, analista da Ágora Corretora.
Para os especialistas, situações como a do ano passado,
quando as concessionárias de
rodovia foram líderes de rentabilidade entre as empresas de
capital aberto, como mostrou
estudo da Austin Rating, dificilmente voltarão a acontecer.
"A condição macroeconômica é completamente diferente,
há muito mais competidores
no mercado, e a rentabilidade
das empresas também não será
a mesma", diz Mônica Araújo,
estrategista da Ativa Corretora.
"Passamos para uma nova fase,
mas a expectativa de crescimento ainda é forte, e a tarifa
menor poderá alavancar ainda
mais o tráfego, dando a nova cara do setor."
Outra tendência vislumbrada depois do leilão de ontem,
dizem os especialistas, é a de
que as viagens nas quais se gasta mais com pedágio do que
com combustível estejam com
os dias contados.
Os pedágios muito mais baratos devem levar governos estaduais e federal a rever contratos antigos, cujas tarifas são
muito mais altas do que as cobradas pelas novas concessionárias. "Há diversas possibilidades, como extensão de prazos de concessão ou revisão de
serviços, que interessam às empresas", diz Jacqueline Lison,
analista da Fator Corretora.
Para Araújo, da Ativa, há espaço para negociações entre as
concessionárias e o poder cedente. "Tarifas mais baratas
podem significar fluxo adicional, e não necessariamente perda de rentabilidade", diz ela.
O mercado parece ter percebido isso no decorrer do dia.
Depois de despencarem, as
ações da CCR voltaram a subir
e fecharam em alta de 5%. A
empresa buscou tranqüilizar os
investidores com uma conferência para analistas, na qual
informou, entre outras coisas,
que a estimativa de tráfego da
Artesp (Agências de Transporte do Estado de São Paulo) está
defasada em um ano e meio.
"Como é concessionária da
Raposo Tavares, da Castello
Branco, da Anhangüera e da
AutoBan, que cortam o Rodoanel, a CCR tem números muito
precisos", diz Lison, da Fator.
Além disso, a empresa também informou que prevê custos
operacionais entre 30% e 40%
menores, por conta da sinergia
com as operações que mantém
na região. As estimativas de investir R$ 800 milhões também
deverão ser reduzidas. Segundo
Lison, a CCR informou ter adotado novas técnicas de manutenção de pavimento rígido
mais baratas e que, portanto, os
gastos tendem a ser menores.
Outra expectativa da CCR é
que a entrada em funcionamento do trecho Sul do Rodoanel, a partir de 2011, alavanque
o tráfego no trecho Oeste em
20%. "A CCR sai fortalecida para competir por outros trechos
do Rodoanel", diz Lison.
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