São Paulo, sexta-feira, 12 de março de 2010

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Economia começa o ano em ritmo forte

Produção industrial cresceu 16% em janeiro; em fevereiro, consumo de energia e produção de carros tiveram também forte alta

Dinamismo da economia é sentido no uso da capacidade instalada das fábricas, que está agora no nível mais alto desde outubro de 2008

Edson Silva - 15.dez.09/Folha Imagem
Fábrica de papel e celulose em Luiz Antônio, na região de Ribeirão Preto (SP); produção industrial deve crescer até 7% neste ano

FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Alguns setores da economia começam 2010 em "ritmo chinês". Em janeiro, a produção industrial cresceu 16% ante igual período do ano passado. E, em fevereiro, o consumo de energia subiu 12,1%; a produção de carros, 23,9%, e o fluxo de caminhões nas estradas, 11,9% ante igual mês de 2009.
É fato que a comparação é com um período em que o país estava sob forte influência da crise mundial. Mas essas taxas de crescimento são tão altas que permitem aos economistas prever forte expansão da economia para este ano.
O dinamismo da economia é verificado ainda nas pesquisas de confiança de empresários e de consumidores, nas vendas do comércio e no uso da capacidade instalada das fábricas, que chegou a 84% em fevereiro deste ano, o nível mais alto desde outubro de 2008.
É resultado, segundo economistas, da queda dos juros, da expansão da oferta de crédito e de prazos de financiamento para pessoas físicas e jurídicas.
Somam-se a isso a redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para eletrodomésticos, carros, móveis e material de construção. Este é também ano de Copa do Mundo, quando cresce a demanda por televisores, DVDs e aparelhos de som, e de eleições, quando o governo gasta mais e, com isso, aumenta a demanda de setores da economia.
"O conjunto de medidas adotadas no ano passado permitiu que a economia retomasse o ritmo de atividade no segundo semestre e entrasse em 2010 com velocidade forte de crescimento. A indústria cresce em ritmo chinês, e a economia, em boa medida, depende do dinamismo da indústria", afirma Fábio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores.
O crescimento do PIB no quarto trimestre de 2009 (de 2% ante o terceiro trimestre de 2009 e de 4,3% ante o quarto trimestre de 2008) mostra, segundo Silveira, a recuperação da economia, puxada pela indústria e pelo setor de serviços. "Essa inércia vai ser transferida para este primeiro trimestre."
Se não houver agravamento da crise externa, o país reúne hoje todas as condições para ter bom desempenho econômico neste ano, segundo economistas ouvidos pela Folha.
A produção industrial, segundo estimativa de economistas, deve crescer entre 6,5% e 7% neste ano, depois de cair 7,4% no ano passado. As vendas no comércio devem subir 8,5% neste ano (no ano passado cresceram 5,9%), e o PIB, 5%, após cair 0,2% em 2009.
O que deve puxar o crescimento da economia neste primeiro trimestre são, principalmente, a indústria, o setor de serviços e o da construção civil.
"A construção civil terá crescimento expressivo não só neste ano mas nesta década. O que justifica essa expansão são os investimentos feitos na construção residencial e nas obras de infraestrutura que estão sendo e que serão executadas", afirma Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados.
Outro setor que deve manter resultado positivo neste primeiro trimestre é o comércio. "O consumidor está mais confiante: o desemprego [está] em queda, e a renda, em crescimento. A combinação desses fatores deve estimular o comércio a crescer ainda mais neste ano", afirma Altamiro Carvalho, economista da Fecomercio SP.
Só em janeiro as vendas do comércio varejista cresceram 10,4% ante igual mês do ano passado, segundo dados divulgados ontem pelo IBGE.
O maior destaque foi para a venda de móveis e eletrodomésticos -cresceu 7,9% em janeiro, depois de ter recuado entre novembro e dezembro.


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