São Paulo, sexta-feira, 12 de março de 2010

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PIB e varejo aumentam aposta do mercado em alta dos juros

EPAMINONDAS NETO
DA FOLHA ONLINE

O mercado financeiro se surpreendeu ontem com o crescimento das vendas do setor varejista e com o desempenho do PIB em 2009. Os números mostraram uma economia mais aquecida do que o esperado. Para muitos, esse cenário pode ser a senha para que o Banco Central eleve os juros ainda neste mês.
Essa percepção ficou clara ontem em um segmento de negócios da BM&F, que movimenta bilhões de reais todos os dias, mas é menos visível que a Bolsa de Valores ou o câmbio: o mercado de juros futuros.
Nesse mercado, grandes gestores de recursos "travam" taxa de juros para 6, 12, 18 meses ou até mais, por meio de contratos negociados diariamente. Ontem, todos os juros futuros subiram. A taxa projetada para outubro foi de 9,95% ao ano para 10%. Para janeiro de 2011, de 10,47% a 10,52%. E, para janeiro de 2012, de 11,60% a 11,67%.
Essas oscilações ocorrem uma semana antes de outra reunião dos diretores do BC para decidir a nova taxa básica de juros do país (a Selic), hoje em 8,75% ao ano. É consenso no mercado que a Selic vai subir. Há dúvidas, no entanto, sobre quando: neste mês ou em abril.
"Se o país crescer nos próximos 12 meses o que cresceu no último trimestre [de 2009], dá algo como uns 8% [de alta do PIB]. Um crescimento chinês. Não há estrada nem porto para isso tudo. É óbvio que os preços vão subir", diz Gustav Penna Dorski, economista-chefe da corretora Geração Futuro.
Para o economista Sérgio Vale, o crescimento da economia, considerando dados setoriais já divulgados, está na faixa "insustentável" de 7% ao ano, bem acima do potencial de expansão do PIB, estimado em 4%. Esse dado ilustra a necessidade de alta dos juros, que, segundo Vale, deve começar em abril.
A LCA diz, porém, que ainda há espaço para crescer sem esbarrar na capacidade produtiva. Ainda assim, prevê uma alta da Selic já na reunião do Copom da próxima semana.
A Bovespa recuou 0,14% ontem. O dólar encerrou o dia cotado a R$ 1,770 (-0,16%).
Analistas mencionaram preocupações com a economia da China para justificar a queda da Bolsa. O país asiático revelou que sua produção industrial aumentou, assim como a inflação. Investidores já temem que Pequim volte a anunciar medidas restritivas à economia.


Colaborou a Sucursal do Rio


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