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PIB e varejo aumentam aposta do mercado em alta dos juros
EPAMINONDAS NETO
DA FOLHA ONLINE
O mercado financeiro se surpreendeu ontem com o crescimento das vendas do setor varejista e com o desempenho do
PIB em 2009. Os números
mostraram uma economia
mais aquecida do que o esperado. Para muitos, esse cenário
pode ser a senha para que o
Banco Central eleve os juros
ainda neste mês.
Essa percepção ficou clara
ontem em um segmento de negócios da BM&F, que movimenta bilhões de reais todos os
dias, mas é menos visível que a
Bolsa de Valores ou o câmbio: o
mercado de juros futuros.
Nesse mercado, grandes gestores de recursos "travam" taxa
de juros para 6, 12, 18 meses ou
até mais, por meio de contratos
negociados diariamente. Ontem, todos os juros futuros subiram. A taxa projetada para
outubro foi de 9,95% ao ano para 10%. Para janeiro de 2011, de
10,47% a 10,52%. E, para janeiro de 2012, de 11,60% a 11,67%.
Essas oscilações ocorrem
uma semana antes de outra
reunião dos diretores do BC para decidir a nova taxa básica de
juros do país (a Selic), hoje em
8,75% ao ano. É consenso no
mercado que a Selic vai subir.
Há dúvidas, no entanto, sobre
quando: neste mês ou em abril.
"Se o país crescer nos próximos 12 meses o que cresceu no
último trimestre [de 2009], dá
algo como uns 8% [de alta do
PIB]. Um crescimento chinês.
Não há estrada nem porto para
isso tudo. É óbvio que os preços
vão subir", diz Gustav Penna
Dorski, economista-chefe da
corretora Geração Futuro.
Para o economista Sérgio Vale, o crescimento da economia,
considerando dados setoriais já
divulgados, está na faixa "insustentável" de 7% ao ano, bem
acima do potencial de expansão
do PIB, estimado em 4%. Esse
dado ilustra a necessidade de
alta dos juros, que, segundo Vale, deve começar em abril.
A LCA diz, porém, que ainda
há espaço para crescer sem esbarrar na capacidade produtiva. Ainda assim, prevê uma alta
da Selic já na reunião do Copom da próxima semana.
A Bovespa recuou 0,14% ontem. O dólar encerrou o dia cotado a R$ 1,770 (-0,16%).
Analistas mencionaram
preocupações com a economia
da China para justificar a queda
da Bolsa. O país asiático revelou
que sua produção industrial aumentou, assim como a inflação.
Investidores já temem que Pequim volte a anunciar medidas
restritivas à economia.
Colaborou a Sucursal do Rio
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