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Verba de telefone não sairá da União
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O ministro das Comunicações,
Juarez Quadros do Nascimento,
assegurou, em entrevista à Folha,
que o subsídio do telefone para famílias carentes não será feito com
recursos do Tesouro Nacional.
A criação do subsídio foi proposta pelo ministro na última segunda-feira. Os R$ 543 milhões
que ele prevê destinar ao programa neste ano sairiam, segundo
afirmou, exclusivamente do Fust
(Fundo de Universalização dos
Serviços de Telecomunicações).
A seguir, os principais trechos
da entrevista do ministro.
Folha - Qual é a sua prioridade de
trabalho para seus nove meses de
gestão?
Quadros - Encontrar uma utilização para os recursos do Fust.
No ano passado, o fundo arrecadou R$ 1,44 bilhão, mas o dinheiro ficou dormindo no caixa. Nenhum tostão foi aplicado até agora. Na segunda-feira, propus a utilização do dinheiro para subsidiar
a oferta de telefones às famílias carentes, aos portadores de deficiências, a propriedades rurais
isoladas e a localidades com menos de 100 habitantes.
Folha - Qual o custo total desse
programa?
Quadros - Temos uma disponibilidade de R$ 112 milhões -que
já estão no orçamento do Fust
deste ano- e vamos encaminhar
proposta ao Congresso Nacional
para liberação de mais R$ 341 milhões, também oriundos do Fust,
que sobraram do orçamento do
ano passado. Isso dá um total de
R$ 453 milhões para o ano de
2002.
Folha - O governo pode vir a utilizar recursos do Tesouro Nacional
para cobrir o subsídio?
Quadros - A Lei Geral de Telecomunicações contempla essa possibilidade, mas acho muito difícil
vir alguma coisa do orçamento da
União. Nossa previsão para este
ano prevê apenas recursos do
próprio Fust.
Folha - Por que não subsidiar comida em vez de telefone para a população de baixa renda?
Quadros - Os recursos do Fust só
podem ser usados em telecomunicações, o que neutraliza questionamentos desse tipo. Mesmo
assim, acho que uma comunidade de menos de cem habitantes
que não dispõe de nenhum serviço de telecomunicações precisa
de telefone até para pedir comida.
A maioria dos países subsidia o
uso do telefone para a população
carente.
Folha - A decisão de propor o subsídio foi provocada pela inadimplência nas companhias telefônicas?
Quadros - Juro que não. Tomei a
iniciativa porque a lei manda
atender a população carente e
porque existe um impasse - a
ação judicial que bloqueou o edital de compra de computadores
paras as escolas públicas- para a
execução de outros programas no
âmbito do Fust. Ou subsidiamos
os telefones, ou vamos deixar o
dinheiro dormindo no caixa.
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