|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Relatório do TCU diz que tarifas
sobem muito e Anatel não fiscaliza
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As empresas de telefonia fixa
concentram seus reajustes de tarifas na assinatura, o que poderia
ser considerado aumento abusivo, "mesmo que concedidos de
acordo com o disposto nos contratos de concessão". A informação consta de relatório do TCU
(Tribunal de Contas da União),
encaminhado ao Ministério das
Comunicações e à própria agência reguladora do setor.
A Anatel (Agência Nacional de
Telecomunicações) fixa o reajuste
das operadoras de telefonia fixa
-concedido uma vez por ano-
com base em uma cesta de tarifas,
que inclui, entre outros itens, assinatura, pulso e habilitação. No
ano passado, por exemplo, a cesta
subiu 8,7% em média no país -o
que é considerado razoável, mas a
assinatura em São Paulo aumentou 17,96%.
Para manter o aumento médio
na cesta, as empresas reduzem o
valor cobrado com habilitação,
por exemplo. Os reajustes no pulso também são menores. Já a assinatura, item que o consumidor
tem de pagar todo o mês independentemente de quanto usou o telefone, sobe mais porque garante
receita para as empresas.
Ainda de acordo com o relatório, não há critérios para estabelecer a produtividade das empresas.
A produtividade é um fator que
conta na fórmula de reajuste de
tarifa para que o aumento seja
menor.
No relatório, o TCU não aponta
indício de que a cesta de tarifas esteja subindo acima dos custos das
operadoras, embora o aumento
tenha sido maior que os 7,67% da
inflação medida pelo IPCA.
Fiscalização
Segundo o relatório, as metas de
qualidade na prestação do serviço
que as operadoras são obrigadas
por contrato a cumprir podem
não estar sendo obedecidas. Para
o TCU, a Anatel precisa fiscalizar
"in loco" (no lugar, por ela mesmo) o cumprimento das metas.
Hoje, são as empresas do setor
que prestam as informações para
a Anatel. Por isso, de acordo com
o texto do relatório do TCU,
"mesmo que todos os indícios
apontem para um total cumprimento de metas, não há evidência
de que todas estariam sendo efetivamente cumpridas".
A solução que a agência adotou
para esse problema -contratação de auditorias privadas para
fiscalizar as empresas- também
foi contestada no relatório. Segundo o TCU, essa contratação
aparentemente está "em desacordo com a proibição legal de terceirização das atividades de fiscalização sob responsabilidade da
agência".
Recomendações
O relatório, aprovado no plenário do tribunal, determinou que a
agência faça estudos sobre os ganhos de produtividade das empresas. Além disso, o TCU recomendou que a Anatel acompanhe
melhor o cumprimento das metas, estude a situação socioeconômica das empresas para apurar se há aumento abusivo e verifique se é o caso de revisão tarifária.
Texto Anterior: Recall da privatização: Justiça abre processo contra telefônicas Próximo Texto: Verba de telefone não sairá da União Índice
|