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Mendonça e Mantega criticam Petrobras
FÁTIMA FERNANDES
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A decisão da Petrobras de rever
o preço da gasolina a cada 15 dias
acentuou as críticas de economistas à atuação da empresa. O argumento é que a companhia tem o
monopólio do setor de petróleo e,
portanto, os preços deveriam ser
controlados pelo governo.
Essa opinião foi expressa por
economistas de várias linhas de
pensamento em seminário promovido ontem, em São Paulo, pela consultoria Tendências para
debater as perspectivas para a
economia brasileira.
"É um absurdo o comportamento monopolista da Petrobras", afirma Guido Mantega, assessor econômico do PT. "A Petrobras é tão monopólio quanto
antes", diz Luiz Carlos Mendonça
de Barros, ligado ao presidenciável José Serra (PSDB).
Para ele, a solução é o governo
tomar atitudes para criar competição, como obrigar a Petrobras a
vender seus ativos (como refinarias e dutos) para terceiros.
Mendonça de Barros chegou a
afirmar que uma solução seria dividir a Petrobras em cinco empresas, incentivando a concorrência.
"Mas isso seria uma pena, porque
a empresa perderia escala."
Mantega diz que 30% dos preços do país são administrados
(são as tarifas de serviços públicos) e são esses preços que contribuem para a alta da inflação. "A
Petrobras já contribui com 0,3% a
0,4% do índice. A empresa não
pode ser um foco inflacionário."
Na sua opinião, a meta de inflação de 3,5% para este ano engessa
o governo. "O governo vai ter que
flexibilizar essa meta, a menos
que queira estabelecer uma política de juros irresponsável. Não é
possível manter a inflação dentro
da meta em uma economia na
qual há tantos preços administrados e indexados."
Durante o debate, mais uma vez
ocorreu uma convergência de
pensamento entre os economistas
do PT e do PSDB. "No campo
econômico, as diferenças entre os
dois partidos serão mínimas.
Tanto o PT como o PSDB vão falar as mesmas coisas", afirma
Mendonça de Barros.
Os economistas ligados à situação prevêem crescimento de
3,5%, em média, no ano que vem
se o PSDB continuar dirigindo o
país e projetam 2,5% se o PT ganhar a eleição.
Os economistas ligados ao PT já
falam que o país crescerá 3,5% em
2003 com eles no poder e 2,5% se
o PSDB permanecer. A estratégia,
diz Mantega, será perseguir um
programa que resulte em crescimento sustentado do país, com a
geração de emprego e maior renda. Isso será mais fácil em 2002 e
em 2003, anos em que o país não enfrentará grandes crises, avalia.
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