São Paulo, sexta-feira, 12 de abril de 2002

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Mendonça e Mantega criticam Petrobras

FÁTIMA FERNANDES
MARCELO BILLI

DA REPORTAGEM LOCAL

A decisão da Petrobras de rever o preço da gasolina a cada 15 dias acentuou as críticas de economistas à atuação da empresa. O argumento é que a companhia tem o monopólio do setor de petróleo e, portanto, os preços deveriam ser controlados pelo governo.
Essa opinião foi expressa por economistas de várias linhas de pensamento em seminário promovido ontem, em São Paulo, pela consultoria Tendências para debater as perspectivas para a economia brasileira.
"É um absurdo o comportamento monopolista da Petrobras", afirma Guido Mantega, assessor econômico do PT. "A Petrobras é tão monopólio quanto antes", diz Luiz Carlos Mendonça de Barros, ligado ao presidenciável José Serra (PSDB).
Para ele, a solução é o governo tomar atitudes para criar competição, como obrigar a Petrobras a vender seus ativos (como refinarias e dutos) para terceiros.
Mendonça de Barros chegou a afirmar que uma solução seria dividir a Petrobras em cinco empresas, incentivando a concorrência. "Mas isso seria uma pena, porque a empresa perderia escala."
Mantega diz que 30% dos preços do país são administrados (são as tarifas de serviços públicos) e são esses preços que contribuem para a alta da inflação. "A Petrobras já contribui com 0,3% a 0,4% do índice. A empresa não pode ser um foco inflacionário."
Na sua opinião, a meta de inflação de 3,5% para este ano engessa o governo. "O governo vai ter que flexibilizar essa meta, a menos que queira estabelecer uma política de juros irresponsável. Não é possível manter a inflação dentro da meta em uma economia na qual há tantos preços administrados e indexados."
Durante o debate, mais uma vez ocorreu uma convergência de pensamento entre os economistas do PT e do PSDB. "No campo econômico, as diferenças entre os dois partidos serão mínimas. Tanto o PT como o PSDB vão falar as mesmas coisas", afirma Mendonça de Barros.
Os economistas ligados à situação prevêem crescimento de 3,5%, em média, no ano que vem se o PSDB continuar dirigindo o país e projetam 2,5% se o PT ganhar a eleição.
Os economistas ligados ao PT já falam que o país crescerá 3,5% em 2003 com eles no poder e 2,5% se o PSDB permanecer. A estratégia, diz Mantega, será perseguir um programa que resulte em crescimento sustentado do país, com a geração de emprego e maior renda. Isso será mais fácil em 2002 e em 2003, anos em que o país não enfrentará grandes crises, avalia.



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