|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AVIAÇÃO
Empresa foi a única das grandes aéreas a obter lucro em 2001; venda do Lloyd Aéreo Boliviano ajudou o balanço
Vasp fatura menos, mas fecha 2001 no azul
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Vasp foi a única grande companhia aérea brasileira a fechar as
contas no azul em 2001, conforme
mostram os dados do balanço da
empresa a que a Folha teve acesso. No ano passado, a companhia
obteve um lucro de R$ 36,69 milhões. O número surpreende, pois
companhias do setor amargaram
duras perdas no período. A Varig,
por exemplo, teve um prejuízo de
R$ 480 milhões.
A Vasp escapou do vermelho,
mas ainda assim registrou uma
retração de 68% sobre o lucro de
R$ 114,44 milhões contabilizado
no ano anterior. Além disso, a Folha apurou que a companhia
usou de artifícios contábeis para
garantir o desempenho incomum
no setor.
Seus contadores incluíram US$
10 milhões (equivalentes a cerca
de R$ 23 milhões) nos ativos da
empresa, referentes à venda de
50,03% das ações do Lloyd Aéreo
Boliviano. O negócio foi concretizado no dia 8 de novembro de
2001, mas a Vasp ainda não recebeu o dinheiro.
Segundo um analista do setor
de aviação, a inclusão no balanço
da Vasp de ativos como os créditos de US$ 10 milhões a receber
pelas ações do Lloyd Aéreo Boliviano é permitida pela legislação.
Sem esse artifício, no entanto, o
lucro da companhia brasileira cairia para cerca de R$ 12 milhões.
Frota própria
O faturamento da Vasp em 2001
atingiu R$ 980 milhões, uma retração de apenas 2% sobre a receita de R$ 1 bilhão em 2000. Ainda
assim, a empresa foi afetada pelo
aumento da concorrência interna, com a chegada de companhias
como a Gol, e teve de aderir a uma
guerra nos preços das passagens.
O número de passageiros transportados pelas empresas aéreas
no Brasil aumentou 9,5% de 2001
para 2000, passando de 41,3 milhões para 45,3 milhões de pessoas -uma prova de que a procura por passagens cresceu. Mas o
número de aviões disponíveis
também aumentou, o que forçou
a Vasp a reduzir o preço das passagens entre 8% e 10%.
Para o consultor de aviação Carlos Martinelli, a Vasp acabou não
entrando no vermelho mesmo
em 2001 porque trabalha com
uma frota de aviões que, em sua
grande maioria, é própria.
"Isso permitiu que a companhia
não tivesse aumento nos gastos
com o aluguel dos aviões devido à
desvalorização do real ao longo de
2001", disse Martinelli. Isso porque as companhias pagam em dólar os arrendamentos de aviões.
Dos 32 aviões que a Vasp utiliza,
apenas 4 são alugados. Na TAM,
por exemplo, 100% da frota de 87
aviões é alugada ou está sujeita a
contratos de leasing operacional,
que dá direito de compra no final
do pagamento das parcelas.
Troca de aviões
Os próximos anos prometem,
no entanto, dificuldades para a
Vasp. Segundo um analista, a empresa terá de começar ainda em
2002 a renovação de sua frota, que
inclui aviões com mais de 24 anos
de uso. O problema, diz o analista,
será a maneira pela qual a Vasp
vai fazer a compra ou o aluguel de
novos aviões.
Um assessor da companhia aérea negou que a Vasp terá de trocar as aeronaves. Segundo a Vasp,
basta uma checagem completa no
avião para que ele possa continuar voando dentro da legislação
do DAC (Departamento de Aviação Civil).
Texto Anterior: Mídia: "Valor" premia 22 executivos do país Próximo Texto: Habitação: Construtora e banco são contra mudar poupança Índice
|