São Paulo, sexta-feira, 12 de abril de 2002

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AVIAÇÃO

Empresa foi a única das grandes aéreas a obter lucro em 2001; venda do Lloyd Aéreo Boliviano ajudou o balanço

Vasp fatura menos, mas fecha 2001 no azul

LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Vasp foi a única grande companhia aérea brasileira a fechar as contas no azul em 2001, conforme mostram os dados do balanço da empresa a que a Folha teve acesso. No ano passado, a companhia obteve um lucro de R$ 36,69 milhões. O número surpreende, pois companhias do setor amargaram duras perdas no período. A Varig, por exemplo, teve um prejuízo de R$ 480 milhões.
A Vasp escapou do vermelho, mas ainda assim registrou uma retração de 68% sobre o lucro de R$ 114,44 milhões contabilizado no ano anterior. Além disso, a Folha apurou que a companhia usou de artifícios contábeis para garantir o desempenho incomum no setor.
Seus contadores incluíram US$ 10 milhões (equivalentes a cerca de R$ 23 milhões) nos ativos da empresa, referentes à venda de 50,03% das ações do Lloyd Aéreo Boliviano. O negócio foi concretizado no dia 8 de novembro de 2001, mas a Vasp ainda não recebeu o dinheiro.
Segundo um analista do setor de aviação, a inclusão no balanço da Vasp de ativos como os créditos de US$ 10 milhões a receber pelas ações do Lloyd Aéreo Boliviano é permitida pela legislação. Sem esse artifício, no entanto, o lucro da companhia brasileira cairia para cerca de R$ 12 milhões.

Frota própria
O faturamento da Vasp em 2001 atingiu R$ 980 milhões, uma retração de apenas 2% sobre a receita de R$ 1 bilhão em 2000. Ainda assim, a empresa foi afetada pelo aumento da concorrência interna, com a chegada de companhias como a Gol, e teve de aderir a uma guerra nos preços das passagens.
O número de passageiros transportados pelas empresas aéreas no Brasil aumentou 9,5% de 2001 para 2000, passando de 41,3 milhões para 45,3 milhões de pessoas -uma prova de que a procura por passagens cresceu. Mas o número de aviões disponíveis também aumentou, o que forçou a Vasp a reduzir o preço das passagens entre 8% e 10%.
Para o consultor de aviação Carlos Martinelli, a Vasp acabou não entrando no vermelho mesmo em 2001 porque trabalha com uma frota de aviões que, em sua grande maioria, é própria.
"Isso permitiu que a companhia não tivesse aumento nos gastos com o aluguel dos aviões devido à desvalorização do real ao longo de 2001", disse Martinelli. Isso porque as companhias pagam em dólar os arrendamentos de aviões.
Dos 32 aviões que a Vasp utiliza, apenas 4 são alugados. Na TAM, por exemplo, 100% da frota de 87 aviões é alugada ou está sujeita a contratos de leasing operacional, que dá direito de compra no final do pagamento das parcelas.

Troca de aviões
Os próximos anos prometem, no entanto, dificuldades para a Vasp. Segundo um analista, a empresa terá de começar ainda em 2002 a renovação de sua frota, que inclui aviões com mais de 24 anos de uso. O problema, diz o analista, será a maneira pela qual a Vasp vai fazer a compra ou o aluguel de novos aviões.
Um assessor da companhia aérea negou que a Vasp terá de trocar as aeronaves. Segundo a Vasp, basta uma checagem completa no avião para que ele possa continuar voando dentro da legislação do DAC (Departamento de Aviação Civil).



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