São Paulo, quarta-feira, 12 de maio de 2004

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Fed deve elevar juros já, diz OCDE

DA REDAÇÃO

O Federal Reserve (o banco central dos EUA) deve começar a se esforçar para controlar o aquecimento da economia do país o mais breve possível, e a elevação da taxa de juros seria um bom começo, disse ontem a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
Na apresentação do relatório semestral da instituição sobre as perspectivas econômicas, o economista-chefe da OCDE, Jean-Philippe Cotis, defendeu a remoção de estímulos pelo Fed.
"Para os EUA, o maior risco é que as políticas macroeconômicas permaneçam expansionistas por muito tempo durante a fase de recuperação", disse Cotis.
A elevação dos juros de forma abrupta pode representar uma ameaça ao que a OCDE classifica de "recuperação forte e sustentada da economia mundial" e afetar negativamente os investimentos em todo o mundo.
A instituição revisou para cima suas previsões para diversas regiões. Os países-membros da OCDE devem crescer 3,4% neste ano, impulsionados pelo desempenho de EUA, Japão e Reino Unido -a expectativa anterior era de 3%.
Apesar desse cenário, Cotis disse que a recuperação mundial é atrasada pela Europa, "onde a demanda doméstica e os gastos das famílias permanecem surpreendentemente fracos". Ele disse que os principais países da zona do euro, especialmente Alemanha e Itália, enfrentam dificuldades para reativar suas economias.
O economista pediu o afrouxamento da política monetária na zona do euro, com a redução da taxa de juros em 0,5 ponto percentual, para 1,5% ao ano, para estimular a expansão.
Em relação ao Brasil, a OCDE descreve um cenário positivo e prevê que o país cresça 3,3% em 2004 e 3,5% no próximo ano.
"Indicadores que apontam para o cenário futuro, incluindo vendas no varejo e confiança das empresas, confirmam que a recuperação está a caminho", aponta o relatório da instituição, para quem o crescimento das exportações, sustentado pela recuperação mundial, deve continuar.
A OCDE diz ainda que "as melhores perspectivas para o mercado de trabalho, aliada à baixa inflação, devem contribuir para elevar a confiança do consumidor e impulsionar as vendas".
O relatório, porém, também apresenta algumas ressalvas, em particular os efeitos que a elevação dos juros nos EUA poderá causar, como a queda no fluxo de capital aos países emergentes.
No cenário interno, "o principal risco é a diminuição no ritmo das reformas estruturais, com a proximidade das eleições municipais, em outubro deste ano".


Com agências internacionais e o "Financial Times"


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