São Paulo, quarta-feira, 12 de maio de 2004

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ARTIGO

Juro maior derruba emissão de títulos nos EUA

JENNY WIGGINS
DO "FINANCIAL TIMES"

A emissão de títulos corporativos nos EUA despencou para seu nível mais baixo em 18 meses, conforme a elevação das taxas de juros cobra seu preço das companhias que tentam captar dinheiro nos mercados de dívida.
Menos de US$ 10 bilhões em dívida deverão ser emitidos nos mercados americanos de títulos com classificação de investimento nesta semana, a quinta consecutiva em que as vendas de dívida caíram abaixo desse nível, segundo Richard Peterson, principal estrategista de mercado na Thomson Financial. "Maio está começando devagar", ele disse, acrescentando que a última vez em que os mercados ficaram tão calmos foi no final de 2002, durante uma série de escândalos corporativos quando os títulos ficaram voláteis.
Os banqueiros esperavam que a emissão de dívidas caísse neste ano, depois de previsões de juros mais altos. Mas foram surpreendidos pela extensão do declínio.
No mês passado, foram vendidos somente US$ 31,7 bilhões em títulos corporativos, comparados com US$ 91,1 bilhões em março. As taxas de juros ascendentes tornam mais caro para as companhias vender suas dívidas.
O rendimento dos títulos do Tesouro para dez anos saltou para 4,5% no final de abril, contra 3,9% no início do mês, quando os investidores tornaram-se mais confiantes de que o Fed elevaria as taxas neste ano. As margens aumentaram ainda mais após o relatório de emprego da semana passada, que convenceu os investidores da iminência de uma alta dos juros, fazendo-os vender títulos.
Com a recuperação ganhando terreno, as pressões inflacionárias provavelmente aumentarão. Em sua previsão econômica para dois anos, a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) disse que os juros nos Estados Unidos terão de subir três pontos percentuais para voltar a um nível neutro, em que nem estimulam nem deprimem a economia.
Os preços dos títulos corporativos, que se recuperaram no ano passado, começaram a cair.
As companhias de automóveis e financeiras também estavam sofrendo. Os juros maiores aumentaram o custo dos empréstimos, potencialmente reduzindo a demanda por carros e serviços de empréstimos.


Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves


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