São Paulo, quinta-feira, 12 de maio de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BALANÇOS

Resultado supera o do Bradesco e é o maior do 1º trimestre até o momento; empresa responde por 13% do saldo comercial

Lucro da Vale cresce 69% e vai a R$ 1,6 bi

JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

A Companhia Vale do Rio Doce, gigante da mineração, registrou lucro líquido de R$ 1,6 bilhão no primeiro trimestre deste ano. É o maior resultado entre todas as empresas que já divulgaram balanço para o período. A empresa superou Bradesco (R$ 1,205 bilhão) e Itaú (R$ 1,141 bilhão).
O resultado da Vale equivale a um lucro por ação de R$ 1,40 e incremento de 69,3% na comparação com igual período do ano passado. Entre janeiro e março de 2004, o lucro apurado ficou em R$ 654 milhões.
Nos três primeiros meses deste ano, a Vale cravou sua liderança nas exportações brasileiras. A empresa foi responsável por 13,2% do superávit comercial obtido pelo país no período, de US$ 8,3 bilhões (cerca de R$ 20,4 bilhões). A receita bruta da Vale no trimestre foi de R$ 7 bilhões, 18,9% acima do auferido no mesmo intervalo do último ano.
As vendas externas da Vale de janeiro a março somaram US$ 1,3 bilhão (cerca de R$ 3,2 bilhões). Além disso, em 12 meses encerrados em março, a mineradora realizou investimentos recordes. Foram empregados US$ 2,3 bilhões (R$ 5,7 bilhões). No trimestre, o montante foi de US$ 570 milhões (R$ 1,4 bilhão).
Segundo relatório da mineradora divulgado ontem, "os resultados da CRVD no primeiro trimestre de 2005 foram obtidos em condições adversas". Ou seja: não fosse a queda substancial da cotação do dólar -moeda à qual estão atrelados 86% das receitas da mineradora-, a Vale poderia ter lucrado ainda mais. Chuvas de verão e pressão de custos também atrapalharam a companhia.

Ferrovias
Os serviços de logística foram responsáveis por 10,3% da receita apurada no trimestre. O transporte ferroviário de carga geral para clientes trouxe ao caixa da companhia R$ 506 milhões. Os serviços portuários, R$ 114 milhões.
A Vale tem enfrentado problemas no setor, por conta da participação na MRS Logística, concessionária das estradas de ferro da Malha Sudeste. A participação da mineradora na MRS está sendo contestada pelas siderúrgicas, que lutam para que a Vale venda as ações da MRS excedentes a 20%.
O assunto está sob análise do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Há dois dias, o presidente da Anut (Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Carga), Paulo Manoel Protasio, esteve na autarquia para ratificar apoio à posição das siderúrgicas. Ele entregou ao relator do caso "números colhidos com associados da entidade e com o mercado".
Tais dados, conforme Protasio, demonstrariam que o excessivo poder de fogo da Vale estaria criando insegurança entre os agentes e, portanto, inibindo novos investimentos no setor de logística e de operação portuária.
Procurada, a Vale não quis se pronunciar sobre o assunto.


Texto Anterior: Europa: Alemanha pode passar do limite de déficit
Próximo Texto: Vender siderúrgica é decisão correta, afirma analista
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.