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RISCO-PAÍS
Para secretário, tempo é necessário para deduzir relação dívida/PIB
Grau de investimento ainda leva até sete anos, diz Levy
ÉRICA FRAGA
DE LONDRES
Um período de cinco a sete anos
ainda separa o Brasil da perspectiva de receber das agências de classificação de risco a nota de grau de
investimento -status que indica
que o perigo de colocar dinheiro
em determinado país ou empresa
é muito baixo. A avaliação é do secretário do Tesouro Nacional,
Joaquim Levy.
Segundo ele, esse é o tempo que
deverá levar para que a relação
entre a dívida pública brasileira e
o PIB (Produto Interno Bruto)
caia do atual patamar de 50,8%
para 40%, percentual que permitiria a melhora da nota por parte
das agências.
"Se atingirmos os 40% no médio prazo, certamente, o Brasil,
nessa época, terá uma grande
probabilidade de ser grau de investimento ["investment grade",
na expressão em inglês] porque,
certamente, a relação entre dívida
e PIB, hoje, é um fator que nos segura", disse Levy, que, questionado por jornalistas, explicou que
por "médio prazo" se referia a um
período de cinco a sete anos.
Alguns analistas consultados
pela Folha mostraram uma certa
surpresa com a estimativa de
Levy, pois acreditavam que o país
pudesse virar grau de investimento em um período mais curto de
tempo.
Segundo o secretário do Tesouro, o governo tem feito o possível
para tentar reduzir a relação entre
dívida e PIB -que caiu de 57,2%
para 51,6% em 2004. Para ele, a
tendência da nota do Brasil pelas
agências, que atualmente está em
torno de BB-, é de alta.
Levy voltou a afirmar que é injusto que as empresas brasileiras
não tenham sua classificação de
risco melhorada por conta da nota soberana do país.
"Muitas empresas são ativas
nos mercados externos e não deveriam ser freadas pelo "rating"
[classificação] do governo. Por isso, temos de trabalhar para melhorar o "rating" soberano", afirmou Levy, que foi um dos palestrantes do seminário "Brazil: excellence in securities transactions", ocorrido ontem em Londres e que reuniu um público de
mais de 200 pessoas.
Durante sua apresentação, Levy
afirmou que o governo brasileiro
vem trabalhando "conscientemente" para evitar um super
aquecimento da economia brasileira.
Depois, disse a jornalistas que o
governo brasileiro pretende usar
o total dos R$ 3 bilhões que, segundo negociação recente do país
com o FMI (Fundo Monetário Internacional), poderão ser descontados da meta de superávit primário deste ano, que é de 4,25%, e investidos em projetos de infra-estrutura. Segundo o secretário, se
isso ocorrer, o superávit cairá para 4,1% em 2005.
Confiança
Rodrigo Azevedo, diretor de política monetária do Banco Central, que também participou do
seminário ontem, afirmou que,
apesar do recente aumento da
aversão a risco nos mercados financeiros, a percepção de investidores em relação ao Brasil está
bastante positiva:
"As pessoas demonstraram, de
maneira geral, confiança no Brasil, um grau de conforto com a estrutura macroeconômica que nós
estamos implementando, num
ambiente internacional que tem
se tornado um pouco mais volátil
e gerado um pouco mais de
apreensão, em particular nas últimas semanas com o crescimento
de aversão a risco", afirmou Azevedo, que teve vários encontros
com investidores em Londres nos
últimos três dias.
Ele afirmou ainda que os resultados de índices de inflação divulgados nesta semana -que apontaram para a queda na pressão sobre os preços- serão levados em
conta na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que
ocorrerá na próxima semana.
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