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LIGAÇÕES PERIGOSAS
Liminar cassa direitos do banqueiro sobre empresas que possui em sociedade com fundos e Citigroup
Justiça suspende poder de Dantas sobre teles
GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
A Justiça do Rio de Janeiro impôs ontem duas grandes derrotas
ao banqueiro Daniel Dantas, do
Opportunity. A juíza Márcia Cunha, da 2ª Vara Empresarial do
Rio de Janeiro, concedeu liminar
que cassa os poderes do Opportunity sobre as empresas de telefonia que possui em sociedade com
fundos de pensão e o Citigroup.
Além disso, suspendeu os efeitos
do acordo recém-fechado por
Dantas com a Telecom Italia para
a volta dos italianos ao bloco de
controle da Brasil Telecom.
Com essas decisões, os fundos e
o Citi têm agora a porta aberta para destituírem de fato o Opportunity da gestão da Brasil Telecom.
A liminar concedida pela juíza
suspendeu os direitos do chamado acordo guarda-chuva, documento assinado por Dantas em
nome dos sócios que, na prática,
lhe dava poder político sobre as
empresas até 2016.
O contrato guarda-chuva era o
principal instrumento de Dantas
para se manter à frente das empresas. Em seu despacho de 38
páginas, a juíza Márcia Cunha
afirmou que o guarda-chuva representava quebra de dever fiduciário (confiança), falta de transparência e de boa-fé. O documento foi feito pelo Opportunity sem
ter antes informado aos sócios.
Chama a atenção, na decisão da
juíza, o fato de o Opportunity,
com menos de 10% de participação no fundo com o Citigroup e os
fundos, ter conseguido tantos poderes na sociedade. Os fundos e o
Citi detinham os 90% restantes.
O Opportunity pode recorrer da
decisão, o que certamente irá fazer, por meio de um agravo a ser
julgado pelo Tribunal de Justiça
do Rio de Janeiro. Enquanto o pedido de agravo não for julgado,
estará valendo a liminar da juíza
Márcia Cunha.
Segunda decisão
No despacho da outra decisão
tomada pela juíza ontem -suspensão dos efeitos do acordo fechado entre Dantas e a Telecom
Italia-, a juíza considerou que o
acordo tinha sido fechado no apagar das luzes, quando o Opportunity já tinha sido destituído por
seus sócios, o Citi e os fundos de
pensão, da gestão da holding que
controla a Brasil Telecom.
Dessa forma, ela suspendeu o
acordo até uma nova audiência,
marcada para o dia 30 de maio, ou
até que as novas diretorias das
empresas de telefonia a serem
eleitas em assembléias, sob o comando de seus acionistas majoritários -o Citigroup e os fundos
de pensão-, revoguem ou ratifiquem o acordo com os italianos.
A juíza preferiu suspender o
acordo para evitar prejuízos às
empresas, caso o acordo não seja
aprovado.
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