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CRISE NO CAMPO
Foco de medidas para beneficiar setor agrícola deverá ser a soja; intenção é a de esvaziar manifestações
Contra protesto, governo antecipa pacote
SHEILA D'AMORIM
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Numa tentativa de esvaziar os
protestos programados por lideranças da área agrícola para a semana que vem, o governo anuncia hoje medidas para minimizar
a crise no setor. O foco do pacote,
que ainda estava sendo finalizado
ontem à noite, deverá ser os produtores de soja.
Entre as medidas previstas para
serem anunciadas pelo ministro
Roberto Rodrigues (Agricultura)
na manhã de hoje estão dinheiro
para cobrir a diferença entre o
preço de mercado da saca de soja
e um valor que garanta uma margem de lucro mínima para os
agricultores. Isso ocorrerá por leilões de contratos específicos.
Com esse mecanismo, o governo acredita que será possível elevar o preço da soja no mercado
brasileiro e compensar os prejuízos que os produtores alegam ter
nas exportações, por causa da valorização do real diante do dólar.
As medidas, no entanto, ainda
deverão ser complementadas por
mais um novo pacote, previsto
para ser divulgado nas próximas
semanas, junto com o plano de
safra, segundo confirmou, ontem,
o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Bernard Appy.
"Mais para o final do mês, haverá um pacote de medidas estruturais para minimizar os problemas
que estão acontecendo neste
ano", disse Appy, após reunião
com parlamentares no final da
tarde de ontem.
Na verdade, o pacote de hoje foi
fechado às pressas nesta semana,
numa operação-abafa desencadeada pelo Palácio do Planalto
para tentar se antecipar a uma série de protestos do setor previstos
para a semana que vem.
Segundo a Folha apurou, numa
reunião no início da semana, com
os ministros Rodrigues, Guido
Mantega (Fazenda), Dilma Rousseff (Casa Civil), Tarso Genro (Relações Institucionais) e Paulo Bernardo (Planejamento), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou que as medidas para o
setor agrícola fossem aceleradas.
Diante da argumentação de que
elas estavam sendo negociadas
dentro da área econômica, o presidente teria exigido urgência
porque não queria ficar refém das
manifestações agendadas para a
semana que vem e que já têm confirmada a presença de 12 governadores capitaneados pelo de Mato
Grosso, Blairo Maggi.
Além disso, a Contag (Confederação dos Trabalhadores da Agricultura) realizará, em Brasília no
dia 16, o "Grito da Terra". Sem falar nos bloqueios de estradas que
estão sendo feitos em vários Estados para pedir ação do governo.
A preocupação do Palácio do
Planalto é que os atos sejam usados politicamente pelos adversário do governo. Além disso, o presidente não queria passar a impressão de que só adotou alguma
medida por causa da pressão realizada. Isso, argumentaram assessores de Lula, estimularia outros
segmentos a fazerem o mesmo.
Entre os mais atingidos com a
crise no setor e que serão beneficiados agora estão produtores de
soja do Centro-Oeste, especificamente de Mato Grosso, Estado
em que o governador lidera as
manifestações contra o governo.
Ontem o Ministério do Desenvolvimento Agrário anunciou a
liberação de R$ 408 milhões para
a compra de arroz, milho e feijão.
Desse total, R$ 204 milhões serão
destinado à agricultura familiar.
Colaborou Ney Hayashi da Cruz,
da Sucursal de Brasília
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