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CRISE NO CAMPO
Governador afirma que movimento chama a atenção do governo federal a problemas do setor agrícola
Maggi apóia manifestante em estrada fechada
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RONDONÓPOLIS (MT)
Tido como o principal produtor
individual de soja de Mato Grosso
e conhecido, por isso, como "rei
da soja", o governador daquele
Estado, Blairo Maggi (PPS), participou ontem de ato em frente a
bloqueio de estradas no entroncamento entre BR-364 e BR-163.
Maggi, que é responsável pela
colheita de 400 mil toneladas de
soja (o total da colheita de Mato
Grosso atinge 15 milhões de toneladas), apoiou oficialmente o movimento. "Compareço hoje aqui
para trazer o apoio do governo do
Estado ao movimento", afirmou
o governador. "O movimento é
importante para chamar a atenção do governo federal para os
problemas da agricultura."
As declarações de Maggi ocorreram em meio a um ato de agricultores e transportadores, na
presença de cerca de 200 pessoas
que o aplaudiram. Ao seu lado estava o prefeito de Rondonópolis, a
segunda principal cidade de Mato
Grosso (depois de Cuiabá), Adilton Sachetti (PPS).
Em tendas montadas na BR-364, os manifestantes protestavam contra o governo federal e
portavam faixas com dizeres como "Gás nada. O agronegócio é o
combustível do Brasil" e "Lula,
não permitiremos que oprimam e
desmoralizem o produtor rural".
Um adesivo para colocar nos
carros, com a montagem de um
gafanhoto tendo no rosto uma fotografia do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, encarregava-se de
dar mais agressividade às declarações. ""A praga da lavoura brasileira", diz a legenda do adesivo, referindo-se a Lula.
O ""vilão" para os produtores,
segundo as palavras do prefeito
de Rondonópolis, é ""a política
cambial desastrosa para nós".
O juiz federal Julier Sebastião da
Silva, que recentemente proibiu
bloqueios no norte e no leste do
Estado, criticou a presença de
Maggi. "Incentivar o desrespeito à
decisão judicial não está certo", limitou-se a dizer, evitando pormenores de um fato concreto para
não prejulgar. O bloqueio começou exatamente no momento em
que Maggi visitava o local.
Cobrado pelo presidente da Associação dos Transportadores de
Cargas de Mato Grosso, Dirceu
Capeleti (que também discursou
no ato favoravelmente ao movimento), Maggi afirmou que, apesar das restrições impostas pelo
orçamento e pela necessidade de
cumprir a legislação sobre responsabilidade fiscal, estuda uma
forma de reduzir o ICMS da alíquota atual de 17% para 12%.
Ao mesmo tempo em que
apoiava o movimento e criticava
o governo federal em razão de sua
política cambial, o governador
disse temer o desabastecimento.
"O movimento pode sufocar a
economia. Se parar, no dia seguinte não volta ao normal."
Governadores de Estados produtores pretendem ser recebidos
por Lula no próximo dia 16, em
Brasília. Entre os participantes do
ato, o sentimento era de confiança
no sucesso do movimento. "Não é
com apenas uma audiência que
vamos resolver todo o problema.
Pela primeira vez, vejo o governo
assustado", disse Homero Pereira, presidente da Federação da
Agricultura de Mato Grosso.
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