São Paulo, sexta-feira, 12 de maio de 2006

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CRISE NO CAMPO

Governador afirma que movimento chama a atenção do governo federal a problemas do setor agrícola

Maggi apóia manifestante em estrada fechada

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RONDONÓPOLIS (MT)

Tido como o principal produtor individual de soja de Mato Grosso e conhecido, por isso, como "rei da soja", o governador daquele Estado, Blairo Maggi (PPS), participou ontem de ato em frente a bloqueio de estradas no entroncamento entre BR-364 e BR-163.
Maggi, que é responsável pela colheita de 400 mil toneladas de soja (o total da colheita de Mato Grosso atinge 15 milhões de toneladas), apoiou oficialmente o movimento. "Compareço hoje aqui para trazer o apoio do governo do Estado ao movimento", afirmou o governador. "O movimento é importante para chamar a atenção do governo federal para os problemas da agricultura."
As declarações de Maggi ocorreram em meio a um ato de agricultores e transportadores, na presença de cerca de 200 pessoas que o aplaudiram. Ao seu lado estava o prefeito de Rondonópolis, a segunda principal cidade de Mato Grosso (depois de Cuiabá), Adilton Sachetti (PPS).
Em tendas montadas na BR-364, os manifestantes protestavam contra o governo federal e portavam faixas com dizeres como "Gás nada. O agronegócio é o combustível do Brasil" e "Lula, não permitiremos que oprimam e desmoralizem o produtor rural".
Um adesivo para colocar nos carros, com a montagem de um gafanhoto tendo no rosto uma fotografia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, encarregava-se de dar mais agressividade às declarações. ""A praga da lavoura brasileira", diz a legenda do adesivo, referindo-se a Lula.
O ""vilão" para os produtores, segundo as palavras do prefeito de Rondonópolis, é ""a política cambial desastrosa para nós".
O juiz federal Julier Sebastião da Silva, que recentemente proibiu bloqueios no norte e no leste do Estado, criticou a presença de Maggi. "Incentivar o desrespeito à decisão judicial não está certo", limitou-se a dizer, evitando pormenores de um fato concreto para não prejulgar. O bloqueio começou exatamente no momento em que Maggi visitava o local.
Cobrado pelo presidente da Associação dos Transportadores de Cargas de Mato Grosso, Dirceu Capeleti (que também discursou no ato favoravelmente ao movimento), Maggi afirmou que, apesar das restrições impostas pelo orçamento e pela necessidade de cumprir a legislação sobre responsabilidade fiscal, estuda uma forma de reduzir o ICMS da alíquota atual de 17% para 12%.
Ao mesmo tempo em que apoiava o movimento e criticava o governo federal em razão de sua política cambial, o governador disse temer o desabastecimento. "O movimento pode sufocar a economia. Se parar, no dia seguinte não volta ao normal."
Governadores de Estados produtores pretendem ser recebidos por Lula no próximo dia 16, em Brasília. Entre os participantes do ato, o sentimento era de confiança no sucesso do movimento. "Não é com apenas uma audiência que vamos resolver todo o problema. Pela primeira vez, vejo o governo assustado", disse Homero Pereira, presidente da Federação da Agricultura de Mato Grosso.


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