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Governo faz estoque de projetos para compor PAC
Maior parte do programa qualificada de "preocupante" é de estudos e projetos
Dilma afirma que idéia do governo é ter capacidade de substituir projetos que se mostrarem inviáveis por outros do estoque
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dados do balanço do governo
sobre o andamento do PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento) apontam que a
maior parte dos empreendimentos classificados de preocupante são estudos e projetos.
Entre eles estão as usinas hidrelétricas de Santo Antônio e
Jirau, no rio Madeira (RO), que
esperam licenciamento ambiental.
A ministra Dilma Rousseff
(Casa Civil) diz que é por isso
que o governo está investindo
na elaboração de estudos para
formar um estoque de projetos.
"Se um se mostrar inviável,
teremos outro pronto para
substituí-lo e evitaremos deficiências em determinada área",
disse Dilma, lembrando que alguns projetos, como os de usinas hidrelétricas, podem custar
entre R$ 40 milhões e R$ 50
milhões.
Dos 138 empreendimentos
carimbados com selo vermelho
por apresentarem risco elevado de atraso no cronograma,
101 são estudos e projetos e 37,
obras, de acordo com levantamento da Casa Civil.
Durante o balanço divulgado
na última segunda-feira, o governo apontou que 8,4% das
1.646 propostas do PAC estão
em situação considerada preocupante, equivalente aos 138
empreendimentos com carimbo vermelho.
O mesmo ocorre com as medidas carimbadas de amarelo
por merecerem atenção devido
a risco potencial de atraso. Pelos dados do governo, dos 644
empreendimentos nessa situação, 444 são estudos e projetos
e 200 são obras.
Dilma diz que esse resultado
já era esperado pelo governo e
traz preocupação porque pode
inviabilizar obras do PAC no
futuro. "É por isso que tem
muito projeto em amarelo e
vermelho, porque precisamos
ficar atentos e corrigir as falhas
para que a obra saia", disse a
ministra.
"Aqui [projetos carimbados
de amarelo e vermelho] é que
nem mortalidade infantil, o risco é maior. Já aqui [obra em
verde] virou adulto, o problema
geralmente é menor. Pode ser
até mais grave quando ocorre,
porque pode ser dinheiro jogado fora", disse a "gerente" do
PAC em entrevista à Folha.
Obras adequadas
Entre os empreendimentos
com andamento tido como
adequado pelo governo, ocorre
o contrário. Das 864 ações com
selo verde, equivalente a pouco
mais da metade do PAC, a
maior parte é obra: 467. Estudos e projetos são 397.
Esse conjunto de obras e estudos e projetos (52,5% do total) tem ritmo avaliado pelo governo como dentro do cronograma e eventuais riscos administrados e teria boa chance,
hoje, de ser executado.
Já os empreendimentos rotulados de amarelo e vermelho
juntos representam 47,5% do
PAC e, segundo o próprio governo, apresentam riscos diferenciados que podem comprometer sua execução.
Ao fazer a classificação, o governo colocou como estudo e
projetos obras que ainda não
saíram do papel, como as usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau. São dois dos 101
estudos e projetos com selo
vermelho. Entraram na lista
por não terem recebido a licença ambiental, o que deve levar a
atraso no cronograma.
O gasoduto Urucu-Coari-Manaus, na Amazônia, é, por
outro lado, uma das 37 obras
em situação tida pelo governo
como preocupante. Seu cronograma está em atraso devido a
problemas com as construtoras
e ao elevado índice de chuvas
na região.
Também entraram na lista
projetos antigos, iniciados em
governos passados (caso da ferrovia Norte-Sul no governo de
José Sarney), mas cuja conclusão é considerada importante
pela administração Lula.
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