São Paulo, sábado, 12 de maio de 2007

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Federação nacional de engenheiros vê omissões no PAC

Entidade vai entregar estudo com sugestões ao ministro Paulo Bernardo (Planejamento) na próxima segunda-feira

Falta planejamento em energia, agronegócios e comunicações, dizem; se programa deslanchar, deverá faltar mão-de-obra


TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO

A FNE (Federação Nacional dos Engenheiros) entrega nesta segunda-feira ao ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, o estudo "Cresce Brasil e o PAC", comparando as sugestões da categoria com o Programa de Aceleração do Crescimento do governo federal.
Entre as omissões apontadas pelo estudo estão ações em telecomunicações, agronegócios e energia. Embora o presidente da entidade, Murilo Pinheiro, ressalte que o PAC é "a primeira medida, em décadas, que sinaliza o interesse do governo em resgatar o papel de indutor do desenvolvimento que cabe ao Estado", ele está preocupado com a lentidão no andamento dos projetos do programa. "O Executivo e o Legislativo têm a obrigação de arregaçar as mangas e fazer com que o PAC de fato aconteça", ressaltou.
A FNE sinaliza como ideal uma taxa de 6% para o crescimento médio anual do PIB entre 2007 e 2010, contra os 4,5% previstos no PAC para este ano e 5% para os próximos três. Essa seria a condição para gerar 2 milhões de empregos. As sugestões são uma compilação do que foi discutido por 3.000 engenheiros em seminários por todo o Brasil. Na telefonia, por exemplo, o PAC não menciona a universalização, para 85% das casas e 90% das escolas, citada como prioridade pela FNE.
Na área energética, a federação aponta a necessidade da conclusão de Angra 3 e a continuidade do programa de instalação de outras usinas. De acordo com o estudo, a energia nuclear vai contribuir para a estabilização da matriz energética, e o país tem uma grande reserva de urânio e a tecnologia completa para o seu enriquecimento, precisando só investir na capacitação industrial.
No agronegócio, setor no qual o Brasil desponta como principal exportador mundial de vários produtos, o estudo indica a colocação de metas de ampliação do consumo interno e de conquistas de novos mercados para as vendas externas. Além disso, sugere o fortalecimento dos investimentos em ciência e tecnologia agropecuária, educação e saúde rural.
Sobre o "espírito animal empreendedor" que teria sido despertado pelo programa, segundo o ministro Guido Mantega (Fazenda), Pinheiro confirma que, assim que o PAC foi anunciado, setores como o da construção civil "começaram a se movimentar e fazer previsões positivas".

Mão-de-obra
"Mas uma das preocupações manifestadas pelos empresários da área foi a maior necessidade de mão-de-obra qualificada para projetar e executar as obras previstas", disse.
Com a estagnação no mercado de trabalho nas últimas décadas, houve desinteresse pela profissão. "Em todas as áreas, o número de engenheiros não vai ser suficiente. Hoje não há engenheiro com boa formação desempregado", afirmou José Roberto Cardoso, vice-diretor da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo).
Para ele, "20 anos sem investimento pesado em tecnologia" afugentaram os estudantes e os engenheiros que ficaram sem trabalho migraram para outras profissões. "Agora eles estão superados tecnologicamente."
Cardoso comenta ainda que há problemas no ensino médio, onde há falta de professores de matemática, química e física, o que acaba influenciando as escolhas dos estudantes para o curso superior. Na sua opinião, o desenvolvimento está totalmente ligado à carreira tecnológica e cita países, como Japão, China e Finlândia, que apostaram nesse nicho em busca do crescimento econômico.


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