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Federação nacional de engenheiros vê omissões no PAC
Entidade vai entregar estudo com sugestões ao ministro
Paulo Bernardo (Planejamento) na próxima segunda-feira
Falta planejamento em energia, agronegócios e
comunicações, dizem; se programa deslanchar,
deverá faltar mão-de-obra
TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO
A FNE (Federação Nacional
dos Engenheiros) entrega nesta segunda-feira ao ministro do
Planejamento, Paulo Bernardo,
o estudo "Cresce Brasil e o
PAC", comparando as sugestões da categoria com o Programa de Aceleração do Crescimento do governo federal.
Entre as omissões apontadas
pelo estudo estão ações em telecomunicações, agronegócios
e energia. Embora o presidente
da entidade, Murilo Pinheiro,
ressalte que o PAC é "a primeira medida, em décadas, que sinaliza o interesse do governo
em resgatar o papel de indutor
do desenvolvimento que cabe
ao Estado", ele está preocupado
com a lentidão no andamento
dos projetos do programa. "O
Executivo e o Legislativo têm a
obrigação de arregaçar as mangas e fazer com que o PAC de fato aconteça", ressaltou.
A FNE sinaliza como ideal
uma taxa de 6% para o crescimento médio anual do PIB entre 2007 e 2010, contra os 4,5%
previstos no PAC para este ano
e 5% para os próximos três. Essa seria a condição para gerar 2
milhões de empregos. As sugestões são uma compilação do
que foi discutido por 3.000 engenheiros em seminários por
todo o Brasil. Na telefonia, por
exemplo, o PAC não menciona
a universalização, para 85% das
casas e 90% das escolas, citada
como prioridade pela FNE.
Na área energética, a federação aponta a necessidade da
conclusão de Angra 3 e a continuidade do programa de instalação de outras usinas. De acordo com o estudo, a energia nuclear vai contribuir para a estabilização da matriz energética,
e o país tem uma grande reserva de urânio e a tecnologia
completa para o seu enriquecimento, precisando só investir
na capacitação industrial.
No agronegócio, setor no
qual o Brasil desponta como
principal exportador mundial
de vários produtos, o estudo indica a colocação de metas de
ampliação do consumo interno
e de conquistas de novos mercados para as vendas externas.
Além disso, sugere o fortalecimento dos investimentos em
ciência e tecnologia agropecuária, educação e saúde rural.
Sobre o "espírito animal empreendedor" que teria sido despertado pelo programa, segundo o ministro Guido Mantega
(Fazenda), Pinheiro confirma
que, assim que o PAC foi anunciado, setores como o da construção civil "começaram a se
movimentar e fazer previsões
positivas".
Mão-de-obra
"Mas uma das preocupações
manifestadas pelos empresários da área foi a maior necessidade de mão-de-obra qualificada para projetar e executar as
obras previstas", disse.
Com a estagnação no mercado de trabalho nas últimas décadas, houve desinteresse pela
profissão. "Em todas as áreas, o
número de engenheiros não vai
ser suficiente. Hoje não há engenheiro com boa formação desempregado", afirmou José Roberto Cardoso, vice-diretor da
Escola Politécnica da USP
(Universidade de São Paulo).
Para ele, "20 anos sem investimento pesado em tecnologia"
afugentaram os estudantes e os
engenheiros que ficaram sem
trabalho migraram para outras
profissões. "Agora eles estão
superados tecnologicamente."
Cardoso comenta ainda que
há problemas no ensino médio,
onde há falta de professores de
matemática, química e física, o
que acaba influenciando as escolhas dos estudantes para o
curso superior. Na sua opinião,
o desenvolvimento está totalmente ligado à carreira tecnológica e cita países, como Japão, China e Finlândia, que
apostaram nesse nicho em busca do crescimento econômico.
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