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Sem pressão de alimentos, inflação recua
Álcool teve o maior peso na alta de 0,25% do IPCA em abril, mas estabilidade no preço de produtos alimentícios freou avanço
Resultado ficou dentro das expectativas do mercado para o índice oficial de preços e reforçou previsão de corte maior dos juros pelo BC
CLARICE SPITZ
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
A inflação medida pelo IPCA
(Índice de Preços ao Consumidor Amplo) recuou de 0,37%
em março para 0,25% em abril
e ficou em linha com as expectativas do mercado financeiro,
divulgadas no boletim Focus
elaborado pelo Banco Central.
O recuo da inflação se deve à
estabilidade dos preços dos
produtos alimentícios. No mês
anterior, os alimentos tinham
variado 0,98% e contribuíram
com mais de 50% da taxa, de
0,37%. Em abril, eles subiram
apenas 0,03%.
A alta do índice oficial de preços no mês pode ser explicada,
sobretudo, pelo aumento do álcool combustível (7,34% ante
0,65% em março). Os reajustes
do álcool foram mais significativos em São Paulo e Goiânia,
onde as altas alcançaram
10,31% e 13,27%, respectivamente. Já o preço da gasolina
passou de 0,72% em março para 0,66% em abril. Os combustíveis contribuíram com 0,06
ponto percentual na taxa.
Sustentaram ainda o avanço
do índice artigos de limpeza
(0,59%), materiais de cozinha
(0,23%) e automóvel usado
(1,06%), além de remédios
(0,50%), que foram reajustados
em até 3,02% em 31 de março, e
cigarros (0,71%), que tiveram
os preços elevados em abril.
Segundo a coordenadora de
Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, com o
fim das chuvas dos primeiros
meses do ano, que reduziram a
oferta e prejudicaram a qualidade de produtos, a tendência é
que os alimentos voltem a atuar
contendo a inflação.
A estimativa de safra de grãos
recorde para este ano, de 132,3
milhões de toneladas, ajuda a
reduzir as pressões inflacionárias ao longo do ano, diz ela.
"Dissipado o efeito das chuvas de março, estamos vendo o
reflexo da excelente safra que
se espera neste ano. Isso deve
contribuir positivamente para
a inflação, a menos que tenhamos uma surpresa climática."
Para Marcela Prada, da consultoria Tendências, a alta dos
combustíveis em abril foi pontual e não traz preocupações
acerca da evolução dos preços
ao longo do ano. "Os combustíveis subiram pressionados pelo
álcool, pois ainda estamos no
fim da entressafra, mas é uma
pressão temporária", afirma.
Sem pressões
Nos quatro primeiros meses
do ano, o IPCA acumula alta de
1,51%, abaixo do mesmo período em 2006, quando a inflação
foi de 1,65%. Nos últimos 12
meses, IPCA aumentou 3%.
Para maio, Santos não espera
por pressões significativas. O
índice pode ser influenciado
pelo reajuste de ônibus em Curitiba e pela continuidade do
aumento dos medicamentos,
além da alta dos cigarros.
Segundo o economista Sergio
Vale, MB Associados, a ausência de pressões inflacionárias
aumenta as chances de o Copom (Comitê de Política Monetária) optar por um corte mais
acentuado da taxa básica de juros (Selic) -atualmente em
12,5% ao ano. "Não há nenhum
movimento generalizado de inflação, está tudo sob controle e
a possibilidade que se abre é de
uma sinalização muito forte
para o BC de um corte de 0,50
ponto percentual", afirmou.
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