São Paulo, sábado, 12 de maio de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sem pressão de alimentos, inflação recua

Álcool teve o maior peso na alta de 0,25% do IPCA em abril, mas estabilidade no preço de produtos alimentícios freou avanço

Resultado ficou dentro das expectativas do mercado para o índice oficial de preços e reforçou previsão de corte maior dos juros pelo BC


CLARICE SPITZ
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

A inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) recuou de 0,37% em março para 0,25% em abril e ficou em linha com as expectativas do mercado financeiro, divulgadas no boletim Focus elaborado pelo Banco Central.
O recuo da inflação se deve à estabilidade dos preços dos produtos alimentícios. No mês anterior, os alimentos tinham variado 0,98% e contribuíram com mais de 50% da taxa, de 0,37%. Em abril, eles subiram apenas 0,03%.
A alta do índice oficial de preços no mês pode ser explicada, sobretudo, pelo aumento do álcool combustível (7,34% ante 0,65% em março). Os reajustes do álcool foram mais significativos em São Paulo e Goiânia, onde as altas alcançaram 10,31% e 13,27%, respectivamente. Já o preço da gasolina passou de 0,72% em março para 0,66% em abril. Os combustíveis contribuíram com 0,06 ponto percentual na taxa.
Sustentaram ainda o avanço do índice artigos de limpeza (0,59%), materiais de cozinha (0,23%) e automóvel usado (1,06%), além de remédios (0,50%), que foram reajustados em até 3,02% em 31 de março, e cigarros (0,71%), que tiveram os preços elevados em abril.
Segundo a coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, com o fim das chuvas dos primeiros meses do ano, que reduziram a oferta e prejudicaram a qualidade de produtos, a tendência é que os alimentos voltem a atuar contendo a inflação.
A estimativa de safra de grãos recorde para este ano, de 132,3 milhões de toneladas, ajuda a reduzir as pressões inflacionárias ao longo do ano, diz ela.
"Dissipado o efeito das chuvas de março, estamos vendo o reflexo da excelente safra que se espera neste ano. Isso deve contribuir positivamente para a inflação, a menos que tenhamos uma surpresa climática."
Para Marcela Prada, da consultoria Tendências, a alta dos combustíveis em abril foi pontual e não traz preocupações acerca da evolução dos preços ao longo do ano. "Os combustíveis subiram pressionados pelo álcool, pois ainda estamos no fim da entressafra, mas é uma pressão temporária", afirma.

Sem pressões
Nos quatro primeiros meses do ano, o IPCA acumula alta de 1,51%, abaixo do mesmo período em 2006, quando a inflação foi de 1,65%. Nos últimos 12 meses, IPCA aumentou 3%.
Para maio, Santos não espera por pressões significativas. O índice pode ser influenciado pelo reajuste de ônibus em Curitiba e pela continuidade do aumento dos medicamentos, além da alta dos cigarros.
Segundo o economista Sergio Vale, MB Associados, a ausência de pressões inflacionárias aumenta as chances de o Copom (Comitê de Política Monetária) optar por um corte mais acentuado da taxa básica de juros (Selic) -atualmente em 12,5% ao ano. "Não há nenhum movimento generalizado de inflação, está tudo sob controle e a possibilidade que se abre é de uma sinalização muito forte para o BC de um corte de 0,50 ponto percentual", afirmou.


Texto Anterior: Valor do aluguel aumenta 4,5% no ano em São Paulo
Próximo Texto: Frio faz roupa ser presente preferido de Dia das Mães
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.