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Exportador ataca Fiesp sobre dados da Venezuela
Relação comercial entre países vive "excelente momento", diz câmara bilateral
Órgão vê "erros" e "generalizações grosseiras" ofensivas ao país; Fiesp, que denunciou atraso em pagamentos, não responde
DENISE BRITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A Câmara Venezuelana-Brasileira de Comércio e Indústria
(Camvenez) contestou ontem
estudo da Fiesp (Federação das
Indústrias do Estado de São
Paulo), divulgado na semana
passada, que afirmava haver
atraso médio de seis meses no
pagamento da Venezuela a exportadores brasileiros.
"Verificamos uma série de
erros matemáticos e generalizações grosseiras extremamente ofensivas ao país e ao governo e prejudiciais a quem faz negócios com a Venezuela", afirmou à Folha o presidente da
Camvenez, José Francisco
Marcondes.
Ele disse que "gostaria muito" de ouvir o presidente da
Fiesp, Paulo Skaf, sobre o assunto. "Até agora preferimos
atribuir as afirmações a quem
assina o documento, que é o senhor [Carlos] Cavalcanti [diretor de comércio exterior]. E,
parafraseando o presidente
Lula, o sr. Cavalcanti pode até
virar presidente do Banco
Mundial um dia, mas por enquanto ele é o sub, do sub, do
sub."
De acordo com o comunicado da câmara -composta por
300 empresários, dos quais
250 brasileiros e 50 venezuelanos-, o estudo da Fiesp "não
corresponde ao excelente momento vivido pelas relações comerciais entre os dois países" e
contém generalizações que podem induzir à conclusão inverídica de inadimplência crônica nos pagamentos.
"Acho que há intenção de politizar um tema utilizando o comércio bilateral", disse Marcondes, que vê um "posicionamento quase ideológico" no estudo da Fiesp. A Venezuela é
hoje um dos dez principais parceiros comerciais do Brasil,
com ênfase em importação de
produtos de valor agregado como celulares, automóveis, autopeças e tratores.
Nos últimos três anos, houve
alta de 486% nos negócios, sendo 60,4% só em 2006, quando a
média geral no crescimento de
exportações foi de 16,2%.
A Fiesp disse que não se manifestaria sobre o assunto antes de ler o documento divulgado pela câmara, que refuta os
dados da federação.
No estudo publicado em seu
site e divulgado à imprensa na
semana passada, a Fiesp afirmava que 75 empresas haviam
reclamado à entidade sobre a
demora do pagamento das exportações, havendo atrasos de
até três anos, e que poderiam
alcançar a cifra de até US$ 100
milhões. "Os importadores venezuelanos alegam tratar-se de
manobra de Hugo Chavéz para
tirar credibilidade do setor privado e posterior privatização",
dizia o estudo da Fiesp.
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