São Paulo, terça-feira, 12 de junho de 2007

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Exportador ataca Fiesp sobre dados da Venezuela

Relação comercial entre países vive "excelente momento", diz câmara bilateral

Órgão vê "erros" e "generalizações grosseiras" ofensivas ao país; Fiesp, que denunciou atraso em pagamentos, não responde

DENISE BRITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A Câmara Venezuelana-Brasileira de Comércio e Indústria (Camvenez) contestou ontem estudo da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), divulgado na semana passada, que afirmava haver atraso médio de seis meses no pagamento da Venezuela a exportadores brasileiros.
"Verificamos uma série de erros matemáticos e generalizações grosseiras extremamente ofensivas ao país e ao governo e prejudiciais a quem faz negócios com a Venezuela", afirmou à Folha o presidente da Camvenez, José Francisco Marcondes.
Ele disse que "gostaria muito" de ouvir o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, sobre o assunto. "Até agora preferimos atribuir as afirmações a quem assina o documento, que é o senhor [Carlos] Cavalcanti [diretor de comércio exterior]. E, parafraseando o presidente Lula, o sr. Cavalcanti pode até virar presidente do Banco Mundial um dia, mas por enquanto ele é o sub, do sub, do sub."
De acordo com o comunicado da câmara -composta por 300 empresários, dos quais 250 brasileiros e 50 venezuelanos-, o estudo da Fiesp "não corresponde ao excelente momento vivido pelas relações comerciais entre os dois países" e contém generalizações que podem induzir à conclusão inverídica de inadimplência crônica nos pagamentos.
"Acho que há intenção de politizar um tema utilizando o comércio bilateral", disse Marcondes, que vê um "posicionamento quase ideológico" no estudo da Fiesp. A Venezuela é hoje um dos dez principais parceiros comerciais do Brasil, com ênfase em importação de produtos de valor agregado como celulares, automóveis, autopeças e tratores.
Nos últimos três anos, houve alta de 486% nos negócios, sendo 60,4% só em 2006, quando a média geral no crescimento de exportações foi de 16,2%.
A Fiesp disse que não se manifestaria sobre o assunto antes de ler o documento divulgado pela câmara, que refuta os dados da federação.
No estudo publicado em seu site e divulgado à imprensa na semana passada, a Fiesp afirmava que 75 empresas haviam reclamado à entidade sobre a demora do pagamento das exportações, havendo atrasos de até três anos, e que poderiam alcançar a cifra de até US$ 100 milhões. "Os importadores venezuelanos alegam tratar-se de manobra de Hugo Chavéz para tirar credibilidade do setor privado e posterior privatização", dizia o estudo da Fiesp.


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