São Paulo, quarta-feira, 12 de julho de 2006

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Estrangeiro volta a confiar na alta do real

Passada a turbulência, posição dos investidores no mercado futuro se inverte, e cresce aposta na valorização da moeda

Analistas, no entanto, dizem que moeda não deve avançar muito além do patamar atual, em razão de intervenções do BC

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os estrangeiros começam a dar sinais de que o pior momento da recente turbulência que sacudiu o mercado internacional já passou. No mercado de câmbio futuro, os últimos dados disponibilizados mostram uma melhora na confiança do investidor estrangeiro. Na última quinta-feira, os estrangeiros voltaram a ficar "vendidos" em dólar no mercado futuro da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros). Desde o dia 23 de maio, a posição dos estrangeiros tinha passado a ficar "comprada" em dólar. Quando os investidores mantêm posições vendidas em dólar, mostram que apostam na depreciação da moeda norte-americana. No momento em que essas posições ficam compradas, indicam que estão confiantes na apreciação do dólar. No dia 5 de maio, os estrangeiros tinham posições vendidas de US$ 6,16 bilhões no mercado de dólar futuro. Nesse dia, o dólar comercial terminou o pregão negociado a R$ 2,056. Com o início da recente turbulência que abalou o mercado financeiro global, após a reunião do Fed (o banco central dos Estados Unidos) no dia 10 de maio, essas posições mudaram rapidamente. Quando o dólar alcançou os R$ 2,40, no dia 24 de maio, a posição dos estrangeiros no mercado futuro de câmbio já não era mais vendida, mas sim comprada, em pouco mais de US$ 300 milhões. O arrefecimento da tensão internacional permitiu que o real voltasse a se apreciar -a moeda fechou ontem a R$ 2,185. Junto a isso, a posição em dólar do investidor externo chegou à última quinta-feira vendida em US$ 310 milhões. "Os estrangeiros estão enxergando um cenário internacional mais calmo. Por isso está ocorrendo esse movimento na BM&F", afirma Míriam Tavares, diretora de câmbio da corretora AGK. Para Tavares, apesar do clima menos tenso que há poucas semanas, "o dólar não deve descer muito abaixo dos R$ 2,15, devido ao fato de o BC ter voltado a atuar no mercado de câmbio". Desde a semana passada, o Banco Central voltou a realizar leilões, quase todos os dias, para comprar dólares dos bancos. Esse tipo de operação havia sido suspensa desde meados de maio, com o aprofundamento das turbulências. Mas, mesmo que o retorno da confiança dos estrangeiros no real se acentue nas próximas semanas, analistas afirmam que, além das atuações do BC, as novas medidas cambiais que o governo está preparando podem acabar por evitar que o dólar desça para os R$ 2,00. "O mercado interno tem oscilado com os temores dos investidores em relação ao cenário internacional. O dólar deve ficar oscilando perto do atual nível nos próximos meses", afirma Carlos Alberto Abdalla, diretor de câmbio da corretora Souza Barros. Na Bovespa, após a saída líquida recorde de capital externo em junho, o dinheiro começa a voltar. Até o dia 4, as compras de ações feitas com capital externo na Bolsa bateram as vendas em R$ 100,9 milhões. Em junho, o saldo ficou negativo em R$ 2,26 bilhões. Ontem, a Bovespa acompanhou de perto o movimento em Wall Street. Passou o dia todo em baixa -na mínima do dia, caiu para 35.589 pontos- e, no fechamento, teve uma forte recuperação. Fechou aos 36.553 pontos, com elevação de 1,14% e giro de R$ 2,095 bilhões. O dólar subiu 0,14%, a R$ 2,185.


Colaborou DENYSE GODOY , da Folha Online


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