|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Estrangeiro volta a confiar na alta do real
Passada a turbulência, posição dos investidores no mercado futuro se inverte, e cresce aposta na valorização da moeda
Analistas, no entanto,
dizem que moeda não deve
avançar muito além do
patamar atual, em razão
de intervenções do BC
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os estrangeiros começam a
dar sinais de que o pior momento da recente turbulência
que sacudiu o mercado internacional já passou. No mercado
de câmbio futuro, os últimos
dados disponibilizados mostram uma melhora na confiança do investidor estrangeiro.
Na última quinta-feira, os estrangeiros voltaram a ficar
"vendidos" em dólar no mercado futuro da BM&F (Bolsa de
Mercadorias & Futuros). Desde o dia 23 de maio, a posição
dos estrangeiros tinha passado
a ficar "comprada" em dólar.
Quando os investidores
mantêm posições vendidas em
dólar, mostram que apostam
na depreciação da moeda norte-americana. No momento em
que essas posições ficam compradas, indicam que estão confiantes na apreciação do dólar.
No dia 5 de maio, os estrangeiros tinham posições vendidas de US$ 6,16 bilhões no mercado de dólar futuro. Nesse dia,
o dólar comercial terminou o
pregão negociado a R$ 2,056.
Com o início da recente turbulência que abalou o mercado
financeiro global, após a reunião do Fed (o banco central
dos Estados Unidos) no dia 10
de maio, essas posições mudaram rapidamente.
Quando o dólar alcançou os
R$ 2,40, no dia 24 de maio, a
posição dos estrangeiros no
mercado futuro de câmbio já
não era mais vendida, mas sim
comprada, em pouco mais de
US$ 300 milhões.
O arrefecimento da tensão
internacional permitiu que o
real voltasse a se apreciar -a
moeda fechou ontem a R$
2,185. Junto a isso, a posição em
dólar do investidor externo
chegou à última quinta-feira
vendida em US$ 310 milhões.
"Os estrangeiros estão enxergando um cenário internacional mais calmo. Por isso está
ocorrendo esse movimento na
BM&F", afirma Míriam Tavares, diretora de câmbio da corretora AGK.
Para Tavares, apesar do clima menos tenso que há poucas
semanas, "o dólar não deve descer muito abaixo dos R$ 2,15,
devido ao fato de o BC ter voltado a atuar no mercado de câmbio". Desde a semana passada, o
Banco Central voltou a realizar
leilões, quase todos os dias, para comprar dólares dos bancos.
Esse tipo de operação havia sido suspensa desde meados de
maio, com o aprofundamento
das turbulências.
Mas, mesmo que o retorno da
confiança dos estrangeiros no
real se acentue nas próximas
semanas, analistas afirmam
que, além das atuações do BC,
as novas medidas cambiais que
o governo está preparando podem acabar por evitar que o dólar desça para os R$ 2,00.
"O mercado interno tem oscilado com os temores dos investidores em relação ao cenário internacional. O dólar deve
ficar oscilando perto do atual
nível nos próximos meses",
afirma Carlos Alberto Abdalla,
diretor de câmbio da corretora
Souza Barros.
Na Bovespa, após a saída líquida recorde de capital externo em junho, o dinheiro começa a voltar. Até o dia 4, as compras de ações feitas com capital
externo na Bolsa bateram as
vendas em R$ 100,9 milhões.
Em junho, o saldo ficou negativo em R$ 2,26 bilhões.
Ontem, a Bovespa acompanhou de perto o movimento em
Wall Street. Passou o dia todo
em baixa -na mínima do dia,
caiu para 35.589 pontos- e, no
fechamento, teve uma forte recuperação. Fechou aos 36.553
pontos, com elevação de 1,14%
e giro de R$ 2,095 bilhões. O
dólar subiu 0,14%, a R$ 2,185.
Colaborou DENYSE GODOY , da Folha Online
Texto Anterior: Rodrigo César Rebello Pinho: O transporte aéreo e o Código do Consumidor Próximo Texto: BNDES estuda financiar estrada e tratores à Bolívia Índice
|