São Paulo, quinta-feira, 12 de julho de 2007

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Suez decide que vai concorrer sozinha no leilão

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A Suez Energy Brasil decidiu participar sozinha no leilão da usina de Santo Antonio, no rio Madeira, que deve ocorrer em outubro. A estratégia é contrária à dos concorrentes, como Odebrecht, Camargo Corrêa e Light, que pretendem participar em consórcios. A Suez participará com uma SPE (Sociedade de Propósito Específico) que deve ações após o leilão.
Segundo o diretor da Suez, Victor Paranhos, o modelo permitirá vantagens comparativas. "Otimizar esse projeto em 60, 90 dias é muito complexo e tentar fazer isso com vários sócios é impossível."
Após o leilão, Paranhos afirma que a participação do governo, por meio de associação com uma estatal, é bem-vinda. Ele pretende se ligar ao BNDESPar (braço financeiro do BNDES) e a sócios estratégicos.
O objetivo da Suez é manter sua participação de mercado no Brasil, da ordem de 7,8%, segundo a empresa. No mundo, a Suez Energy tem 58 mil MW de capacidade instalada, desse total, 6.000 MW estão no Brasil. A usina de Santo Antonio, a primeira a ser construída, terá capacidade de 3.150 MW.
A Suez não pretende operar as duas usinas do rio Madeira (Santo Antonio e Jirau), mas intenta ficar com uma delas.
De acordo com Paranhos, falta informação aos investidores sobre o projeto, como o cadastro fundiário e a população que mora no entorno da usina. "Não sei se tudo o que foi estudado está disponibilizado. Não podemos ter um processo competitivo com desigualdade de informações", disse em alusão aos estudos realizados por Furnas e Odebrecht.
A Suez estima o custo da usina de Santo Antonio em R$ 12 bilhões. Para o executivo, uma das 33 condicionantes impostas pelo Ibama na concessão da licença prévia, a determinação de isolamento a 500 metros no entorno da usina, é um entrave.
Segundo Paranhos, na margem direita não há floresta, e, sim, área de pasto. "O impacto social e econômico desse limite de 500 metros é enorme", disse. O executivo diz que o governo deveria rever a medida antes do leilão.
Apesar de o governo trabalhar com a perspectiva de entrada em operação em 2012, o início deve ficar para 2013 devido ao período de chuvas e das licenças, segundo a empresa.
Ele disse estar preocupado com a possibilidade de fornecedores de equipamentos comprometidos com outros consórcios não aceitarem propostas após o leilão.
Segundo ele, o contrato de fidelidade só pode valer até antes do leilão. "Se valer depois, vamos comprar turbina na China e na Rússia e não vai ter emprego aqui. Isso vai contra a lógica econômica", disse.


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