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Vaga informal resiste nas microempresas
Sebrae estima que mais de 1 milhão de pequenos negócios que declaram não ter empregados usam mão-de-obra sem carteira assinada
Para entidade, número de negócios sem empregados "não parece muito normal em uma economia que pretende ser desenvolvida"
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O país registra 3,831 milhões
de microempreendimentos
que não empregam nenhum
trabalhador, mas estimativas
do Sebrae (Serviço de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas)
indicam que mais de 1 milhão
dessas empresas que se declaram sem empregados, na prática, usam mão-de-obra informal
em suas atividades.
De acordo com o presidente
da instituição, Paulo Okamoto,
esses números são elevados e
não condizem com uma economia que pretende ser "desenvolvida". Os dados foram divulgados ontem no lançamento do
"Anuário do Trabalho na Micro
e Pequena Empresa 2008",
produzido pelo Sebrae e pelo
Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos).
O levantamento ainda aponta que existem no país 2,184 milhões de micro e pequenas com
empregados, sendo responsáveis pela geração de 13,2 milhões de postos de trabalho.
"Isso [3,8 milhões de microempresas sem empregados]
não nos parece muito normal
em uma economia que pretende ser desenvolvida. Não nos
parece economicamente produtivo. Precisamos jogar mais
luz sobre assunto para definirmos políticas públicas específicas", afirma Okamoto.
Ele diz que uma parcela desses empreendimentos de fato
não gera empregos, porque,
embora sejam organizações
com CNPJ (Cadastro de Pessoa
Jurídica), são associações, condomínios, clubes ou empresas
criadas por só um profissional
prestador de serviço.
Okamoto destaca, porém,
que estimativas indicam que
mais de 1 milhão de micro e pequenas empresas declaram não
ter empregados, mas, na verdade, contratam trabalhadores
sem registro em carteira.
De acordo com os dados do
anuário, em 2006 houve uma
pequena retração na participação do emprego nas micro e pequenas empresas no total de
postos gerados pelas empresas
brasileiras. No período, 2002-2005, o setor representava 52%
dos empregos formais urbanos
do país. No ano de 2006, a porcentagem caiu para 50,8%.
Já a taxa de crescimento
anual do emprego nas pequenas e microempresas ficou
abaixo da expansão geral dos
postos de trabalho. Enquanto a
média anual total foi de 5,9%,
nas pequenas empresas ficou
em 5,4%, e nas micro, em 4,2%.
"Foi quase uma estabilidade.
Isso não surpreende. Em processos de crescimento econômico, o que era de esperar era
que a expansão do emprego em
grandes e médias empresas fosse muito mais elevada", disse o
diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz.
Discriminação
Os dados do anuário mostram ainda que as mulheres
vêm conquistando mais espaço
no mercado de trabalho no âmbito de micro e pequenos negócios, enquanto os homens apresentam uma queda contínua
em sua participação.
No período analisado, o público feminino conquistou 1,3
ponto percentual no total de
empregos gerados nas microempresas, por exemplo.
Além disso, a diferença salarial
entre mulheres e homens é menor nessas empresas do que nas
médias e grandes.
Na análise do levantamento,
afirma Clemente Ganz, também é possível verificar que jovens e negros passam a ter mais
representatividade no mercado
de trabalho de micro e pequenos negócios.
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