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Minc impõe condições para Angra 3
Operadora de usina terá que construir depósito definitivo para resíduo nuclear
Ministério exige controle da radioatividade por entidade independente, "adoção" de parque e investimento em saneamento no litoral do RJ
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Para conceder o licenciamento ambiental prévio da usina de Angra 3, o Ministério do
Meio Ambiente fará exigências
adicionais, como a fixação de
um prazo para a construção de
um depósito definitivo de resíduos nucleares.
Segundo o ministro Carlos
Minc (Meio Ambiente), essa foi
uma das "condições" introduzidas por sua gestão ao processo
de licenciamento da usina, que
está "praticamente pronto".
"Vamos estabelecer um prazo
até a licença de operação [última fase do processo de licenciamento] para a construção de
um depósito para destinação final do rejeito atômico, algo que
até hoje não se resolveu."
O país conta apenas com depósito provisório para os resíduos de Angra 1 e 2, situado no
mesmo terreno em que estão as
usinas e no qual será construída Angra 3. Ali, são colocados
rejeitos de baixa e média intensidade -como roupas e equipamentos que entraram em contato com material radioativo.
O combustível radioativo, de
alta intensidade, é guardado
nas próprias usinas, em piscinas usadas também para resfriar o material.
Outra deficiência a sanar, diz,
é o controle da radioatividade.
Por isso, o ministério também
condicionou a licença a um novo sistema de medição dos níveis de radiação no entorno da
usina, que será gerenciado por
uma instituição "independente" da operadora da unidade, a
estatal Eletronuclear.
Segundo o ministro, uma
universidade ou uma fundação
será escolhida para também
desenvolver um sistema de
sensores de radiação. "Vamos
exigir um controle externo da
radioatividade", disse.
O ministro também impôs
mais duas condicionantes à
aprovação da licença. A usina
terá de "adotar", segundo ele, o
Parque Nacional da Serra da
Bocaina (nos Estados do Rio e
de São Paulo) e ampliar o sistema de saneamento básico de
Angra dos Reis (RJ).
Divergências
Recentemente, Minc e o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, expressaram visões
diferentes quanto ao aproveitamento da energia nuclear. Lobão se disse amplamente a favor e anunciou a construção de
mais quatro usinas. Afirmou
ainda que não pretende adiar o
reinício das obras de Angra 3,
marcado para setembro.
Minc reiterou ontem ser totalmente contrário ao uso da
energia nuclear no país. "Eu
sou contra. A Marina [Silva, ex-ministra do Meio Ambiente]
votou contra no CNPE [Conselho Nacional de Política Energética], mas foi derrotada."
Mas sua posição, diz, não
atrasou o licenciamento, que
está "avançadíssimo". Lobão já
disse que a licença sairá até o final do mês. Mais cauteloso,
Minc afirmou ontem que é
"possível" cumprir esse prazo,
mas não há uma data fechada.
A usina de Angra 3 demandará investimentos de R$ 7,2 bilhões e deve ficar pronta em
2013, quando terá capacidade
de geração de 1.350 megawatts.
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