São Paulo, sábado, 12 de julho de 2008

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Minc impõe condições para Angra 3

Operadora de usina terá que construir depósito definitivo para resíduo nuclear

Ministério exige controle da radioatividade por entidade independente, "adoção" de parque e investimento em saneamento no litoral do RJ

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Para conceder o licenciamento ambiental prévio da usina de Angra 3, o Ministério do Meio Ambiente fará exigências adicionais, como a fixação de um prazo para a construção de um depósito definitivo de resíduos nucleares.
Segundo o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), essa foi uma das "condições" introduzidas por sua gestão ao processo de licenciamento da usina, que está "praticamente pronto".
"Vamos estabelecer um prazo até a licença de operação [última fase do processo de licenciamento] para a construção de um depósito para destinação final do rejeito atômico, algo que até hoje não se resolveu."
O país conta apenas com depósito provisório para os resíduos de Angra 1 e 2, situado no mesmo terreno em que estão as usinas e no qual será construída Angra 3. Ali, são colocados rejeitos de baixa e média intensidade -como roupas e equipamentos que entraram em contato com material radioativo.
O combustível radioativo, de alta intensidade, é guardado nas próprias usinas, em piscinas usadas também para resfriar o material.
Outra deficiência a sanar, diz, é o controle da radioatividade. Por isso, o ministério também condicionou a licença a um novo sistema de medição dos níveis de radiação no entorno da usina, que será gerenciado por uma instituição "independente" da operadora da unidade, a estatal Eletronuclear.
Segundo o ministro, uma universidade ou uma fundação será escolhida para também desenvolver um sistema de sensores de radiação. "Vamos exigir um controle externo da radioatividade", disse.
O ministro também impôs mais duas condicionantes à aprovação da licença. A usina terá de "adotar", segundo ele, o Parque Nacional da Serra da Bocaina (nos Estados do Rio e de São Paulo) e ampliar o sistema de saneamento básico de Angra dos Reis (RJ).

Divergências
Recentemente, Minc e o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, expressaram visões diferentes quanto ao aproveitamento da energia nuclear. Lobão se disse amplamente a favor e anunciou a construção de mais quatro usinas. Afirmou ainda que não pretende adiar o reinício das obras de Angra 3, marcado para setembro.
Minc reiterou ontem ser totalmente contrário ao uso da energia nuclear no país. "Eu sou contra. A Marina [Silva, ex-ministra do Meio Ambiente] votou contra no CNPE [Conselho Nacional de Política Energética], mas foi derrotada."
Mas sua posição, diz, não atrasou o licenciamento, que está "avançadíssimo". Lobão já disse que a licença sairá até o final do mês. Mais cauteloso, Minc afirmou ontem que é "possível" cumprir esse prazo, mas não há uma data fechada.
A usina de Angra 3 demandará investimentos de R$ 7,2 bilhões e deve ficar pronta em 2013, quando terá capacidade de geração de 1.350 megawatts.


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