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CUSTO DE VIDA
Pesquisa do Datafolha mostra queda média de 0,18% em 23 itens
Após alta, alimentos deverão cair
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os preços dos alimentos, que estiveram entre os itens que mais
pressionaram a inflação nos últimos meses, devem dar uma folga
ao bolso dos consumidores.
Pesquisa Datafolha realizada
nos supermercados de São Paulo
já detectou pequena queda no
preço de uma cesta de alimentos
com 23 itens. Realizada na última
quarta-feira, a pesquisa revelou
que o preço da cesta caiu 0,18%
em relação à quarta-feira anterior,
dia 2 deste mês.
O resultado não é uma surpresa
para os analistas que acompanham os índices de preços. A alta
dos alimentos foi causada pelo
período de entressafra agrícola,
que já era esperado, e pelas geadas
que atingiram diversas regiões do
país em julho.
O mau tempo e a entressafra
agrícola são passageiros. Assim, o
que de pior pode acontecer é uma
pequena alta dos preços de alimentos e sua estabilização nas
próximas duas semanas.
Outra pesquisa, também do Datafolha, levanta os preços de um
grupo de 15 produtos. Nesse caso,
entretanto, houve alta de preços
nesta semana. No entanto, a alta,
de 0,33%, foi bem menor do que a
da semana anterior, de 1,28%.
Se a tendência continuar, os aumentos dos preços devem cessar
nas próximas duas semanas. O
economista da Fipe (Fundação
Instituto de Pesquisas Econômicas) Heron do Carmo, por exemplo, avaliava, na quinta-feira, antes da divulgação das pesquisas
do Datafolha, que os efeitos das
geadas deixariam de pressionar as
taxas de inflação nas próximas
duas semanas.
Ele lembra também que os preços administrados -tarifas de telefonia e combustíveis, principalmente- não devem subir mais e
que seus efeitos sobre as taxas de
inflação devem se esgotar dentro
de uma ou duas semanas.
A notícia de que esses preços
não devem subir mais significa
que eles não irão mais corroer o
bolso dos consumidores. Eles
também não vão mais pressionar
os índices de inflação.
Pelo contrário, a expectativa de
muitos analistas é que os preços
dos alimentos caiam um pouco
até o final do segundo semestre.
Isso, claro, se nenhuma alteração
muito grande no clima não atrapalhar as safras agrícolas.
Combustíveis
Os preços dos combustíveis
continuam sendo uma incógnita.
Vários boletins econômicos, como a carta semanal do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), consideram que eles não devem pressionar a inflação -e, portanto, o
bolso dos consumidores- no último trimestre.
No entanto, a própria queda de
braço entre o governo, as distribuidoras e os postos mostra como
o futuro dos preços dos combustíveis ainda é incerto.
O governo quer tornar o setor
mais competitivo e desconfia que
as altas no preço final dos combustíveis sejam alimentadas, em
parte, por cartéis entre postos ou
distribuidores.
Os postos afirmam que trabalham com margens de lucros reduzidas e que há muita concorrência no setor. Se existe algum
acordo para manter preços altos,
as distribuidoras são as responsáveis, dizem.
Eles ainda cobram do governo
reduções nos impostos sobre
combustíveis, afirmando que é a
maneira mais eficaz para baixar
os preços.
O governo anunciou ontem
uma série de medidas para aumentar o poder dos órgãos de defesa da concorrência. Se eficazes,
podem fazer cair os preços.
Para o governo, isso representaria menor pressão nos índices de
inflação. Para os consumidores, o
benefício de pagar menos pela gasolina que, só nos últimos 30 dias,
subiu mais de 20%
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