São Paulo, sábado, 12 de agosto de 2000


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CUSTO DE VIDA
Pesquisa do Datafolha mostra queda média de 0,18% em 23 itens
Após alta, alimentos deverão cair

MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os preços dos alimentos, que estiveram entre os itens que mais pressionaram a inflação nos últimos meses, devem dar uma folga ao bolso dos consumidores.
Pesquisa Datafolha realizada nos supermercados de São Paulo já detectou pequena queda no preço de uma cesta de alimentos com 23 itens. Realizada na última quarta-feira, a pesquisa revelou que o preço da cesta caiu 0,18% em relação à quarta-feira anterior, dia 2 deste mês.
O resultado não é uma surpresa para os analistas que acompanham os índices de preços. A alta dos alimentos foi causada pelo período de entressafra agrícola, que já era esperado, e pelas geadas que atingiram diversas regiões do país em julho.
O mau tempo e a entressafra agrícola são passageiros. Assim, o que de pior pode acontecer é uma pequena alta dos preços de alimentos e sua estabilização nas próximas duas semanas.
Outra pesquisa, também do Datafolha, levanta os preços de um grupo de 15 produtos. Nesse caso, entretanto, houve alta de preços nesta semana. No entanto, a alta, de 0,33%, foi bem menor do que a da semana anterior, de 1,28%.
Se a tendência continuar, os aumentos dos preços devem cessar nas próximas duas semanas. O economista da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) Heron do Carmo, por exemplo, avaliava, na quinta-feira, antes da divulgação das pesquisas do Datafolha, que os efeitos das geadas deixariam de pressionar as taxas de inflação nas próximas duas semanas.
Ele lembra também que os preços administrados -tarifas de telefonia e combustíveis, principalmente- não devem subir mais e que seus efeitos sobre as taxas de inflação devem se esgotar dentro de uma ou duas semanas.
A notícia de que esses preços não devem subir mais significa que eles não irão mais corroer o bolso dos consumidores. Eles também não vão mais pressionar os índices de inflação.
Pelo contrário, a expectativa de muitos analistas é que os preços dos alimentos caiam um pouco até o final do segundo semestre. Isso, claro, se nenhuma alteração muito grande no clima não atrapalhar as safras agrícolas.

Combustíveis
Os preços dos combustíveis continuam sendo uma incógnita. Vários boletins econômicos, como a carta semanal do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), consideram que eles não devem pressionar a inflação -e, portanto, o bolso dos consumidores- no último trimestre.
No entanto, a própria queda de braço entre o governo, as distribuidoras e os postos mostra como o futuro dos preços dos combustíveis ainda é incerto.
O governo quer tornar o setor mais competitivo e desconfia que as altas no preço final dos combustíveis sejam alimentadas, em parte, por cartéis entre postos ou distribuidores.
Os postos afirmam que trabalham com margens de lucros reduzidas e que há muita concorrência no setor. Se existe algum acordo para manter preços altos, as distribuidoras são as responsáveis, dizem.
Eles ainda cobram do governo reduções nos impostos sobre combustíveis, afirmando que é a maneira mais eficaz para baixar os preços.
O governo anunciou ontem uma série de medidas para aumentar o poder dos órgãos de defesa da concorrência. Se eficazes, podem fazer cair os preços.
Para o governo, isso representaria menor pressão nos índices de inflação. Para os consumidores, o benefício de pagar menos pela gasolina que, só nos últimos 30 dias, subiu mais de 20%


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