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TRIBUTOS
Essa foi a diferença entre o total de IR que a sociedade de fato devia ao fisco e o total pago no exercício de 1998
IR garantiu empréstimo de R$ 1,78 bi
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo obrigou os contribuintes a emprestarem R$ 1,789
bilhão aos cofres públicos ao longo de 1998, segundo dados divulgados ontem no estudo da Receita
Federal "Análise Econômica da
Declaração de Imposto de Renda
das Pessoas Físicas 1999".
Essa foi a diferença apurada entre o total de Imposto de Renda
que a sociedade de fato devia ao
fisco e o total de IR pago no exercício daquele ano.
Dada a renda tributável livre de
deduções, R$ 160,46 bilhões, o governo teria de receber da sociedade R$ 16,56 bilhões. Conforme os
dados consolidados das declarações efetuadas em 1999, os contribuintes pagaram R$ 18,35 bilhões.
Quem bancou a maior parte
desse empréstimo compulsório
ao governo foram os assalariados.
No final, o contribuinte acaba recebendo de volta o valor, com
correção baseada nos juros médios dos títulos públicos federais.
A correção, no entanto, só começa a contar a partir de abril do
ano seguinte ao recolhimento dos
tributos. Abril é, normalmente, o
mês em que os contribuintes entregam suas declarações.
O Imposto Retido na Fonte garante a maior parte do empréstimo. Todo mês, os assalariados pagam ao Leão o IR sem poder descontar da renda as deduções permitidas. O resultado, na maioria
dos casos, é o pagamento de valores superiores aos realmente devidos. Em 1998, o IR na fonte arrecadou R$ 17,67 bilhões.
Os dados do estudo também revelam que o presidente da República, ministros de Estado, parlamentares e juizes tiveram a melhor renda média dentro do universo das pessoas que declararam
IR, em 98. A renda anual média
dos membros do Executivo, Judiciário e do Legislativo foi de R$
62.471,31. Em segundo lugar estão
os funcionários públicos e militares com curso superior, com renda anual média de R$ 50.482,04.
Os engenheiros, químicos e físicos, representantes do setor privado, aparecem em terceiro lugar,
com renda média de R$ 37.714,02.
Por outro lado, os membros dos
Três Poderes também são os que
pagaram as maiores alíquotas efetivas de IR, 16,77%. A alíquota efetiva é calculada após todas as deduções às quais o contribuinte
tem direito. Na média, os contribuintes pagaram um alíquota efetiva de 7,69%, ao longo de 1998.
É preciso ressaltar que os servidores públicos são um grupo com
grande dificuldade de sonegar,
pois são pagos pelo próprio setor
público, responsável pela arrecadação dos impostos.
O estudo também reforça dados
já bastante conhecidos. Por exemplo, poucos brasileiros pagam IR.
Dos 70 milhões de pessoas que
trabalhavam em 1998, apenas 4,4
milhões pagaram o imposto.
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