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RECUPERAÇÃO
Taxa sobe para 0,25%, pondo fim a 17 meses de "política de juro zero"; governo do Japão desaprova a alta
BC japonês sobe juro pela 1ª vez na década
CÁTIA LASSALVIA
DA REDAÇÃO
O Banco do Japão (BC japonês)
elevou ontem a taxa básica de juros para 0,25% ao ano, encerrando uma década de taxas decrescentes.
Desde fevereiro do ano passado,
os juros da segunda maior economia do mundo estavam zerados
para estimular a recuperação do
país, que entrou em recessão depois da crise asiática em 1998.
A alta nos juros vai encarecer os
empréstimos bancários, apesar de
remunerar melhor os aposentados e aqueles que dependem de
aplicações financeiras.
Segundo o Banco do Japão, os
juros maiores não impedirão o
crescimento do país, "que já possui força econômica suficiente para suportar a taxa em 0,25%".
Nos três primeiros meses deste
ano o Japão cresceu 2,5% em relação ao trimestre anterior, depois
de dois anos de recessão.
O Banco do Japão também acredita que o perigo da deflação
-afastado pela "política de juros
zero", que estimulava o consumo
e o investimento em produção-
não existe mais.
Conflito
A alta, votada pela maioria dos
economistas do BC, foi contrária
à posição do governo japonês,
que preferia esperar mais um mês
para que fosse divulgado o Produto Interno Bruto (PIB) do país no
primeiro semestre.
A medida aumenta as divergências entre o primeiro-ministro do
Japão, Yoshiro Mori, e o presidente do banco central do país,
Masaru Hayami.
O governo teme que taxas
maiores atrapalhem a recuperação do país, depois de uma década de fraco desempenho econômico.
Taxas mais altas também encarecerão os empréstimos de dezenas de trilhões de ienes que o governo precisa para financiar suas
políticas de grandes gastos.
Hayami vinha defendendo a alta nas taxas há alguns meses, argumentando que a "política de juros zero" desencorajava as reformas estruturais, limitava a remuneração dos pensionistas e aposentados e destruía o sistema financeiro.
No entanto o custo dos empréstimos ainda é baixo no país se
comparado a outras economias.
Nos EUA, a taxa de juros está em
6,5% ao ano, e na União Européia,
em 4,25%.
O maior custo de empréstimos
deve incomodar principalmente
os pequenos e médios empresários japoneses. Os setores mais
afetados serão o da construção civil, varejo e mercado imobiliário,
que são os mais endividados.
Ato simbólico
Se a elevação de ontem for um
ato isolado e não gerar aumentos
em série, existe pouco para se
preocupar, dizem analistas.
"A taxa zero foi um símbolo de
resistência à crise. A alta pode ser
vista como uma nova etapa da
economia japonesa", disse o economista-chefe do ING Barings Securities Japan, Richard Jerram.
No mês passado, a quebra do
Sogo, uma das principais cadeias
varejistas do Japão, aumentou as
pressões para que o banco central
não elevasse os juros.
"A quebra do Sogo não gerou
nenhuma preocupação significativa", disse o BC depois da reunião de nove horas e meia.
Na opinião de Robert Alan
Feldman, economista-chefe do
Morgan Stanley Dean Witter em
Tóquio, a decisão pode ter sido
apressada. "Parece que manter
uma posição independente foi
mais importante do que a microeconomia", disse Feldman.
Com agências internacionais
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