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A ÁGUIA POUSOU
Como o consumo representa 65% do PIB, queda de renda das famílias deve reduzir a expansão do país
Salário baixo pode abater economia dos EUA
DO "NEW YORK TIMES"
A fraca recuperação dos salários pode colocar em risco a já frágil retomada da economia norte-americana. No segundo trimestre
deste ano, o total de salários pagos
pelo setor privado nos EUA foi de
US$ 4,15 trilhões. Apesar de ter se
recuperado em relação aos últimos trimestres do ano passado, o
valor ainda é inferior ao que era
pago no início de 2001, quando a
economia entrou em recessão.
A estagnação dos salários preocupa parte dos analistas porque
ela pode significar, nos próximos
trimestres, redução dos gastos de
consumo dos norte-americanos.
Como o consumo representa
mais de 65% do PIB (Produto Interno Bruto -soma de toda a riqueza produzida no país em um
ano) norte-americano, um aperto
no orçamento das famílias poderia transformar o fraco crescimento registrado no segundo trimestre, de 1,1%, em recessão.
Corte de gastos
Poucos ou nenhum aumento
nos últimos trimestres, redução
de horas extras e aumento do custo dos seguros de saúde estão fazendo minguar os salários. A recuperação ou não da economia
dependerá da maneira como os
norte-americanos irão reagir ao
aperto, afirma Richard Curtin, diretor da Pesquisa de Confiança do
Consumidor da Universidade de
Michigan. "E elas estão começando a cortar gastos", diz Curtin.
Em 2001, a perda no total de salários pagos, em termos reais
-ou seja, com os valores ajustados pela inflação-, chega a US$
110 bilhões. Nos dois primeiros
trimestres deste ano, uma recuperação devolveu US$ 29 bilhões aos
bolsos dos trabalhadores, mas
eles ainda recebem US$ 70 bilhões
a menos do que no final de 2000.
"É incrível o quão persistente
tem sido a desaceleração dos salários", diz Jared Bernstein, economista do EPI (Instituto de Política
Econômica, na sigla em inglês).
Para Bernstein, a demora da recuperação é sinal do quanto o boom
ocorrido na década de 1990 havia
pressionado o mercado de trabalho e os salários.
As baixas taxas de crescimento e
a alta do desemprego -a taxa de
desemprego, que rondou os 4%
durante 2000, bateu em 5,9% em
julho de 2002- também têm minado o poder de negociação dos
empregados: os trabalhadores começaram a pagar uma proporção
maior dos custos dos seguros saúde, que têm subido. "Os lucros estão menores. Então os empresários têm que transferir parte dos
custos para os empregados. Como está cada vez mais difícil arranjar um emprego, as empresas
não precisam se preocupar com a
debandada de funcionários", diz
James Foreman, diretor da consultoria Towers Perrin.
Para parte dos analistas, não há
motivo para pessimismo. Outras
medidas de renda, que incluem
itens como os pagamentos de
aposentadorias e seguros-desemprego, subiram. Alguns especialistas apontam para essa alta para
justificar as previsões de recuperação econômica. Ainda assim,
quem defende que a queda na
renda pode comprometer o crescimento lembra que nenhuma
das duas medidas leva em conta
os ganhos ou perdas no mercado
de ações. Ou seja: ambas ignoram
qual será o efeito na queda nos
preços das ações nos gastos de
consumo dos norte-americanos.
Queda na renda
"O que nós estamos vendo é
uma forte queda na renda disponível para consumo, não importa
a fonte", afirma Lee Price, economista-chefe do Comitê do Orçamento do Senado dos EUA.
Segundo estimativas, a perda
sofrida pelos salários pode comprometer um ponto percentual
do crescimento, já que o total de
salários pagos corresponde a cerca de 40% do PIB dos EUA.
Com agências internacionais
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