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MONTADORAS
Para ministro, fabricantes têm problema estrutural, de excesso de capacidade, e queda de imposto é paliativo
IPI menor de carro é só aspirina, diz Furlan
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, disse
ontem que a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) concedida ao setor automotivo é ""um paliativo, uma aspirina". Para o ministro, a crise é decorrente de problemas estruturais, como o excesso de capacidade instalada nas montadoras.
"Redução de IPI é um paliativo,
uma aspirina, um remédio para
dor de cabeça. Os problemas que
afetam a indústria vão muito além
da questão tributária", afirmou
Furlan, durante seminário promovido pela própria Anfavea (a
associação das montadoras).
Uma semana atrás, o governo
reduziu de forma provisória em
três pontos percentuais a alíquota
de IPI dos carros com até 2.000 cilindradas, a fim de diminuir os
preços finais ao consumidor e estimular vendas. A medida estará
em vigor até 30 de novembro.
O ministro argumentou que o
menor imposto servirá somente
para desovar os estoques dos pátios das montadoras. Ou seja, não
significa garantia de retomada
sustentável das vendas. "A experiência mostra que essa medida
[IPI menor] não resolve os problemas do setor. Funciona apenas
para desovar estoque", disse.
No acumulado do ano, o número de veículos novos comercializados no mercado interno soma
761,3 mil unidades, 8,3% a menos
que de janeiro a julho de 2002. De
acordo com a Anfavea, em julho
as fábricas e as concessionárias
mantinham em seus pátios o
equivalente a 44 dias de produção. Em junho, eram 49 dias.
Segundo o ministro, a saída seriam "soluções permanentes para
planejamento do setor". "Permitiriam à cada cadeia produtiva se
adequar à demanda do mercado e
ao governo buscar acordos comerciais [para exportações]."
Em sua apresentação, Furlan
não poupou as montadoras. Afirmou que "setor que só se sustenta
com taxa de câmbio e isenção fiscal tem alguma coisa de errada".
Aludia, no primeiro caso, ao impulso que as exportações das
montadoras registram desde o final de 2002 -no acumulado de
janeiro a junho de 2003, são 35,4%
superiores às de mesmo período
do ano passado-, resultado da
combinação de câmbio desvalorizado e necessidade de vendas do
setor ao exterior para compensar
a menor demanda interna.
Mais tarde, ao ser indagado sobre o comentário, o ministro preferiu minimizar: "Estamos em
uma situação de transição, em
que todos sofrem e ninguém tem
razão. Mesmo quem reclama".
Ainda em seu discurso, Furlan
afirmou que, a despeito do ""barulho" que fizeram para obter a redução do IPI, as estimativas apontam para produção de 1,8 milhão
de unidades neste ano, mesmo
volume de 2002. "Mesmo com todo o barulho não haverá queda de
produção. Parte dessa produção
foi deslocada para as exportações", argumentou.
Neste caso, não contemporizaria quando da entrevista. "Houve
erro [de organização]. A produção deste ano será a mesma de
2002 e, no ano passado, não houve represamento de carros nos
pátios."
O ministro também lembrou
que a capacidade instalada do setor supera em muito a demanda.
As montadoras no Brasil têm capacidade para produzir 3,2 milhões de veículos. "A capacidade
instalada é muito maior que a demanda. E essa demanda não cresce não somente por problemas de
preços, mas está muito ligada à
questão da renda da população,
financiamento e taxas de juros."
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