São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 2008

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Descolada da cena externa, Bovespa sofre baixa de 3,3%

Enquanto recuo das commodities ajuda Bolsas no exterior, Bolsa paulista perde puxada por empresas ligadas a elas

No mês, Bovespa recua 8%, um dos piores desempenhos globais em agosto; brasileiro segue estrangeiro e também vende ações


DA REPORTAGEM LOCAL

Não adiantou o mercado acionário internacional iniciar a semana em terreno positivo: a Bolsa de Valores de São Paulo sofreu mais uma queda expressiva, ao fechar ontem com perdas de 3,29%. No ano, a desvalorização acumulada pela Bolsa alcança os 14,35%.
Em seu menor patamar desde janeiro, ao encerrar as operações de ontem aos 54.720 pontos, a Bovespa tem sido prejudicada pelo enfraquecimento das commodities lá fora e a saída substancial de capital externo do pregão local. Depois da saída líquida de aproximadamente R$ 15 bilhões de recursos externos da Bovespa entre junho e julho, este mês começou com um saldo negativo de R$ 1,13 bilhão (até o dia 7).
Mais do que a Petrobras, ontem foram as siderúrgicas e mineradoras que se destacaram com quedas fortes. No topo, apareceu a ação preferencial da Gerdau, com baixa de 5,05%. Na seqüência, vieram Vale ON (-4,39%), Usiminas PNA (-4,06%) e Siderúrgica Nacional ON (-3,92%).
Com um novo recuo do petróleo, que fechou em Nova York a US$ 114,45, em baixa de 0,65%, as ações da Petrobras terminaram com baixa de 2,78% (ON) e 2,53% (PN), fechando antes do anúncio do recorde de ganho no segundo trimestre.
Nos Estados Unidos, o petróleo mais barato tem animado as Bolsas pois reduz a pressão inflacionária e a possibilidade de alta de juros no país. O índice Dow Jones terminou o dia com alta de 0,41%, e a Nasdaq subiu 1,07%.
Em Tóquio, a alta foi de 1,99%.
Com o descolamento entre a Bovespa e as Bolsas externas, a diferença de resultados neste mês chama a atenção. Enquanto o Ibovespa está com queda acumulada de 8,04% em agosto, o Dow Jones tem ganhos de 3,55%. A Bolsa de Londres, que subiu 0,96% ontem, está com elevação mensal de 2,40%.
A dependência do índice Ibovespa -que reúne as 66 ações brasileiras de maior liquidez- de companhias ligadas ao desempenho de commodities no exterior tem sido sentida de forma mais intensa nas últimas semanas. Essas ações representam cerca de 43% do Ibovespa e têm sido muito punidas no atual cenário. O petróleo, por exemplo, rondava os US$ 145 no começo de julho e hoje está US$ 30 mais barato.
Fora desse núcleo, a ação da Cesp foi o destaque de perdas. Seu papel preferencial "B" terminou com queda de 9,63%.
Operadores de corretoras têm notado que também investidores brasileiros começaram a se desfazer de ações, o que pode dificultar a recuperação da Bolsa no curto prazo. O aumento do número de vendedores fez mais de 90% das ações do Ibovespa terminarem ontem em queda.
(FABRICIO VIEIRA)



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