São Paulo, terça-feira, 12 de setembro de 2000

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SINDICALISMO
Historicamente divergentes, Força Sindical e CUT discutem juntas reposição do salário pela primeira vez
Centrais unificam campanha salarial

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

As duas maiores centrais sindicais do país, com posições historicamente antagônicas, irão sentar hoje na mesma mesa para elaborar a primeira campanha salarial unificada do Brasil. CUT (Central Única dos Trabalhadores) e Força Sindical decidiram se reunir nesta manhã, na sede da CUT, em São Paulo, para discutirem juntas a questão.
A campanha salarial única das duas centrais deve reunir 24 setores da economia, com data-base neste semestre, e 10,7 milhões de trabalhadores.
Até então, a campanha unificada estava sendo discutida separadamente, em cada central, com o intuito de unir os sindicatos filiados e elaborar suas próprias pautas internas: uma para a CUT e outra para a Força Sindical.
Há anos as centrais tentam fazer esse movimento ganhar força, mas cada uma a sua maneira. As reivindicações comuns aos sindicatos filiados são definidas e uma mesma bandeira é levantada em cada central. Com a discussão conjunta, CUT e Força têm mais chances de pressionar a opinião pública para obter aumentos reais de salários e as reposições de perdas no FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço).
Essa é uma das exigências da CUT, por exemplo, que tem apoiado seus associados a entrar com ações para reaver as perdas no FGTS com os sucessivos planos econômicos.
"Vamos conversar para ver se é possível elaborar uma campanha única entre as centrais", diz Paulo Pereira da Silva, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo.
Não é a primeira vez que CUT e Força abraçam a mesma causa. As duas já dividiram semelhante sala na hora de discutir estratégias para redução de jornada e aumento do salário mínimo.
"Existem pontos em comum na nossa campanha salarial neste ano, mas ainda há aspectos conflitantes, como a questão dos resíduos salariais, que alguns sindicatos da Força ainda têm que receber, mas nós não", diz Antônio Carlos Spis, presidente da CUT estadual.
Ao contrário da CUT, por exemplo, a Força optou por unificar o reajuste salarial de suas categorias em 20% (sendo 7,5% de aumento real). A CUT não definiu um aumento único.
Salários
Dezessete sindicatos filiados à Força, que empregam 2,7 milhões de trabalhadores, têm sua data-base neste semestre, assim como outros seis sindicatos ligados à CUT, como bancários, petroquímicos e metalúrgicos.
Todos já estão se organizando para discutir aumentos salariais e melhoria nas condições de trabalho dos empregados.
Os petroleiros, com data-base em setembro, querem 8% de reposição salarial, 30% de reposição com as perdas após o Plano Real e 13,85% de ganhos de produtividade. Os bancários também estão, neste momento, elaborando uma contraproposta aos bancos, que não aceitaram o pedido de 9,21% de reajuste salarial.
Alguns segmentos, porém, chegaram até mesmo a rever o índice de reposição salarial já definido com os patrões. Sindicatos com data-base no primeiro semestre querem novas antecipações salariais, por causa do aumento da inflação em julho e agosto.
O Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo decidiu pedir 5% de antecipação salarial neste semestre, além dos 7,23% de reajuste já obtido em maio. "Desde junho tivemos mais de 3% de inflação e, se nós conseguirmos 5%, é possível reduzir a perda", diz Antonio de Souza Ramalho, presidente do sindicato. A negociação, porém, será feita entre trabalhadores e a empresa.
A definição a respeito dos índices de reposição baseiam-se na inflação dos últimos 12 meses.


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